Estava enxergando na gestão de Romildo Bolzan uma situação nova. Ele não faz as loucuras dos dirigentes tradicionais, que contratam jogadores e fazem contratos irresponsáveis, mas depois não conseguem pagar e levam os clubes à quebradeira. Suas posições sempre foram tranquilas, corretas, respeitadoras.
Mas Romildo virou o fio na noite de quinta-feira. Incitado por setores atuantes do clube, ele resolveu responsabilizar o presidente Francisco Novelletto por atitudes, que, segundo ele, estariam dando força ao Inter e prejudicando o Grêmio.
Não teve nenhum argumento sólido na sua explanação, dando a entender, como centenas de dirigentes medíocres, que não sabendo explicar as carências de seu time, coloca a culpa em terceiros. Beirou a leviandade. Uma pena.
O presidente gremista se deixou levar por uma mania de perseguição que mascara as dificuldades do clube e encontra culpados em outros ambientes. Isto deve explicar porque faz 15 anos que o Grêmio, apesar da sua grandeza, não consegue uma taça importante.
Romildo não foi original, manchou sua conduta de dirigente e não vai resolver nada se entrar nesta. Deixa os talibãs tricolores pensarem assim.
Retrospecto
Os dirigentes que atuaram da forma como fez o presidente do Grêmio na quinta-feira só endividaram o clube e faz 15 anos que não ganham nada. Quem seria o culpado se Paulinho, do Novo Hamburgo, acertasse o quinto pênalti e o Grêmio estivesse com o vexame de ser eliminado prematuramente no Gauchão?
Não seria melhor imaginar que o time tem dificuldades, que o treinador que veio treinar o Grêmio depois de ser responsável direto pelo maior fiasco da história do futebol mundial, da falta de dinheiro por gestões muito ruins. Não seria melhor pensar nestas dificuldades? Para muita gente, elas não existem. Para esses, o culpado é o juiz, a federação, a imprensa vermelha, etc...
Clássico
Não sei se Inter e Brasil de Pelotas pode ser chamado assim, mas é, pelo menos, um grande jogo. São dois clubes populares. Um representa o Estado, é mais rico, tem estádio maior, jogadores mais caros, mais sócios.
O outro representa uma cidade. É menor, mas tem uma torcida apaixonada como poucas no futebol mundial. Ninguém no Rio Grande do Sul dá um show tão brilhante como a torcida Xavante.
O jogo é no Aldo Dapuzzo. Não importa. Vai lotar porque a torcida do Brasil atravessa qualquer coisa. Podemos esperar daí um grande jogo para esta semifinal do Gauchão.
Demmaaiiiss
O Juventude gasta pouco, mas joga muito. Picoli entendeu as limitações do time, montou um esquema defensivo de muita solidez, e o time, depois de arrancar mal, passou a colher vitórias empolgantes. O Grêmio vai passar muito trabalho no Alfredo Jaconi.
De menos
Não é nada novo. Quando o Gauchão, que começa desprezado, chega nas suas fases decisivas, começam as insinuações, as pressões, as leviandades.
Lamentavelmente, esta é uma cultura que está arraigada entre nós. Pessoas centradas se transformam e assumem uma postura quase animal.
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