Uma conversa com o ex-presidente e homem forte do Grêmio, Fábio Koff, 83, é uma aula de conhecimento dos meandros do futebol brasileiro e um aprendizado a qualquer profissional do ramo. No último sábado, o reencontrei em Jurerê, em companhia do ex-presidente do Avaí José Bastos e do médico Francisco Baptista Neto, o anfitrião, que anualmente nos recebe em sua casa para uma degustação de um prato baiano para um grupo seleto de convidados no qual orgulhosamente estou incluído.
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Na conversa, Koff, que encerrou há pouco dois anos na presidência do Grêmio, demonstrou preocupação com a crise financeira do futebol brasileiro e o consequentemente enfraquecimento dos clubes.
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E também falou de uma possível parceria entre Grêmio e Avaí, que eu havia dado na coluna recentemente após uma reunião entre Koff e diretores avaianos. O objetivo seria uma parceria formal onde o dirigente gaúcho colocaria seu time à disposição do Avaí dentro das possibilidades. Parece que o Avaí não entendeu o alcance do apoio e o assunto não evoluiu. Mas durante o bate-papo surgiu uma nova possibilidade.
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Do começo em 1998 ao amigo em comum
O nome Koff é uma história dentro do Grêmio e seu legado no clube é forte. Em 1998 me aproximei dele quando chefiou a delegação brasileira na Copa da França. Aliás, mesmo que o Brasil vencesse os franceses na final iríamos nos incomodar.
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Koff estava na tribuna quando recebeu uma ligação com 20 minutos de jogo: "A França acaba de entrar com protesto na Fifa contra o Brasil". Tudo por causa da escalação de Edmundo na vaga de Ronaldo Fenômeno que teria sofrido uma convulsão no dia do jogo, mas acabou sendo liberado e atuou naquela partida.
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Descobri sua amizade com o médico psiquiatra Francisco Baptista Neto de quem fui assessor de imprensa na Fundação Municipal de Esportes de Florianópolis. A partir daí passei a conhecer melhor e penso que ganhei a confiança de um dirigente cuja historia é rica no futebol brasileiro.
Confira os principais momentos desta entrevista exclusiva à coluna.
E o futebol brasileiro, Dr. Fábio?
À beira da falência. Vejo um futuro nebuloso para o futebol brasileiro dado o volume de recursos que os grandes clubes estão envolvidos. Eles devem vultuosas somas. Vejo o Corinthians como o mais preocupante. Muita dívida e pouca receita.
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Vão falir todos?
Por incrível que pareça vejo o Flamengo como um dos que podem se salvar. Dos grandes é o que tem melhor futuro por conta de uma nova gestão financeiramente cuidadosa que valoriza a marca Flamengo.
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E o Grêmio?
A construção da Arena na forma como foi posta nos deixou em situação difícil. O Grêmio hoje não tem receita. Paga para jogar. O Grêmio pagava R$ 44 milhões para a OAS pela manutenção da Arena. Na revisão do contrato baixei para R$ 12 milhões e precisamos chegar a R$ 5 milhões no máximo. É uma situação delicada.
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E a folha salarial do seu cube também não é exagerada?
É insuportável e absolutamente inviável para manter o clube. Já baixamos muito e vamos continuar mexendo nela. Aliás, é o que todos os grandes clubes brasileiros precisam fazer.
E a parceria com o Avaí?
Não evoluiu. Estou à disposição do Avaí. Tenho meios de ajudar até em agradecimento à honraria que recebi do clube ao tempo do Dr. Zunino (diz em referência à medalha Saul Oliveira, honraria recebida do clube).
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Como seria?
Estou colocando o Grêmio à disposição para um amistoso festivo dia 28 de janeiro na Ressacada sem custo (só pela despesa) para que o Avaí faça a apresentação de seus novos contratados.
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E jogadores?
Quando mandei Marquinhos recebi Wallace, hoje um jogador procurado até internacionalmente. Quero retribuir. (Neste momento Koff é colocado ao telefone com o diretor de Esportes do Avaí, Carlos Arini. Na conversa, o dirigente gremista oferece um lateral chamado Moisés que atuou pelo Goiás e está indo para o Santa Cruz, mas que irá segurar o atleta até segunda [hoje] ou terça-feira [amanhã] para o Avaí se manifestar. Sem custos. O telefone desliga).
O que achou do Arini?
Acho que falei com o cara certo. Arini tem tudo para ajudar o Avaí.
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Entrevista
"O Grêmio hoje não tem receita. Paga para jogar", diz Fábio Koff
Ex-presidente do Grêmio falou ao colunista Roberto Alves, do Diário Catarinense
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