O garoto de brincos de prata, boné de aba reta com etiqueta do produto, é moda, e com jaqueta e tênis da Nike recepciona Zero Hora com voz grave de adulto mas com visível cara de quem recém completou 16 anos. Lincoln e o irmão, Natalício Rick Davis, que trata dos assuntos do mano no Sul, estão no duplex de cobertura da empresa DIS, na
Rua Padre Chagas, um dos pontos mais caros do Estado.
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Lincoln sente-se em casa. Desde os 14 anos é ligado ao empresário Delcir Sonda, dono de rede supermercados em São Paulo e do DIS, o braço esportivo que gerencia PH Ganso, D'Alessandro e outros. E desde a semana passada, ele é profissional, ao assinar por três anos com o Grêmio.
A façanha do primeiro contrato aos 16 anos, típico dos meteóricos Ronaldinho, Anderson e Neymar fez com que o próprio Sonda baixasse solenemente de São Paulo direto à sala de Fábio Koff no Olímpico, logo ele um homem afeito aos negócios do Inter, como se comprova pelos pôsteres de D'Alessandro, Taison e Nilmar que decoram o escritório do bairro Moinhos de Vento. Da cobertura, é possível ver a Arena no fundo da cidade.
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_ Realizei o meu sonho e vou atrás do meu objetivo de ser o melhor do mundo _ diz Lincoln, sem modéstia, em tom sério, ele raramente sorri, e repete convicto o que um dia lhe disse o pai, Natalício, motorista de táxi e trabalhador da construção civil, já morto.
Foto: Seu Natalício/Arquivo Pessoal
_ Vou ser o melhor do mundo! Quero ser um Ronaldinho, um Messi, um Neymar _ afirma com surpreendente firmeza e fé para um adolescente.
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Não é uma convicção nova. Sonda o contratou impressionado com a segurança do guri.
Talvez por isso Lincoln tivesse estourado champanha por toda a casa no dia da assinatura com o Grêmio, como se comemorasse o primeiro salto de um projeto pessoal até o sonho de melhor do mundo.
_ Reunimos a família, e foi estouro para todos os lados, na sala, no quarto _ conta, agora com um filete de sorriso.
Há alguns indícios do seu futuro, embora cedo demais. Felipão o viu jogar uma única vez, em treino contra os profissionais e se encantou. Edinho e Wallace não encontraram a bola. O técnico o chamou de "diamante negro" e parece ter-se surpreendido da mesma forma de quando testemunhou o aparecimento de Ronaldinho no final dos anos 1990.
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Sem falar que Lincoln fez parte de todas as seleções brasileiras de base e que, no Grêmio, joga sempre numa categoria acima.
Em janeiro, com 16 anos e três meses o meia-esquerda vai lutar pela camiseta 10 entre os adultos na pré-temporada do Grêmio com 1m78cm de inquebrantável convicção no seu pé canhoto.
_ Eu tenho o estilo de jogo parecido com o do Ronaldinho, me inspiro nele. Chuto forte, cabeceio, cobro falta, faço gols, gosto de marcar, apesar de meia, e sou muito competitivo _ apresenta o currículo, sem demonstrar empáfia.
Vejam que ele acrescentou "apesar de meia". Quis ressaltar esta vantagem sobre os meias, que geralmente não marcam.
Com a mesma naturalidade Lincoln informa que acaba de dar uma casa para mãe, Clode, no bairro Guarujá, zona sul de Porto Alegre, paga por Sonda. Era promessa sua presentear a mãe, que até há pouco trabalhava em faxinas. A família é da Lomba do Pinheiro, mal tinha onde acomodar todo o pessoal. Aos 14 anos, senhores de terno e carro importado apareceram na vila para fechar um contrato de vinculação com a DIS. Da maleta dos empresários saiu uma bolada de R$ 400 mil.
Foto: Arquivo Pessoal
Lincoln e Clode se mudaram para um apartamento alugado no Bairro Santana. Pagavam o aluguel com os R$ 6 mil mensais de mesada do empresário e o R$ 1,5 mil de ajuda de custo do Grêmio.
_ O Sonda tem cuidado muito da minha família, é incrível. Ele agora nos deu essa casa e só falta nos visitar _ comenta o garoto.
Além da casa na Zona Sul, Lincoln mora em apartamento no bairro Azenha, perto do Olímpico, também por conta de Sonda.
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Há outros mimos. Logo que chegou em novembro de um torneio nos Estados Unidos, ele falou ao Sonda. Queria vereanear com a família inteira, a mãe, mais seis irmãos, parentes e alguns amigos. Conseguiu uma grande casa alugada em Tramandaí. Sonda paga, como vem ocorrendo nos últimos anos:
_ Eu gosto é de Cidreira, mas não importa, eu quero é passar o Natal e o Réveillon com todo mundo na praia.
Tem sido assim. Se quiser o último celular das galáxias, Sonda paga.
Ao mesmo tempo, Lincoln mantém acesa a obsessão. Mesmo em férias, faz academia e tem planos de correr e jogar na areia de Tramandaí cedo da manhã com a ajuda do irmão Davis, que já passou pela base do Grêmio e girou por clubes do interior e de fora do Estado e, aos 30 anos, cuida da vida de Lincoln e de um outro irmão, Leonardo Rincón, 18 anos, lateral e volante que recém assinou com o Corinthians.
_ No mundo da bola, há jogador e dublê de jogador. Eu fui um dublê, mas o meu irmão é estrela _ diz Davis
Na segunda-feira o garoto foi a São Paulo assinar contrato internacional com a Nike _ já tinha ligação com a multinacional mas apenas no país. Rapidinho aparecerá em comerciais com Neymar, Cristiano Ronaldo, Sergio Ramos e Ibrahimovic.
Não à toa, Lincoln Henrique Oliveira dos Santos passou a ter aulas de inglês e espanhol. Como no estudo do Ensino Médio no Colégio Protásio Alves, o desempenho é muito bom.
_ Sou objetivo na aula, não fico de brincadeiras com os colegas, é o meu jeito. No Grêmio até me chamam de mascarado porque evito as zoeiras. Fico na minha no trabalho, na escola, por isso sempre tirei boas notas.
Ah, as aulas de línguas são no escritório da DIS, que investe no ponto futuro do diamante negro de Felipão.
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