Foi um Campeonato Gaúcho inesquecível do começo ao fim. Cheio de momentos marcantes, a competição teve todos os ingredientes para entrar para a história: polêmica, superação, divergências e conquista improvável.
Arrancada histórica do Noia
Campeão gaúcho, o Novo Hamburgo fez uma campanha que chamou atenção desde cedo. Dos seis primeiros jogos, o time venceu todos – o que fechou a série imbatível foi diante do Passo Fundo, que perdeu por 4 a 1 no Estádio do Vale. Foi a melhor arrancada da história de um time do Interior no Gauchão.
Recuperação do Zequinha
Foram seis rodadas de desespero. Mas com a chegada da sétima rodada, chegou também a primeira vitória do São José no Campeonato Gaúcho. Um alívio para o clube que parecia fadado ao rebaixamento e que ainda terminou classificado às quartas de final, quando perdeu para o futuro campeão Noia.
Campeonato sob suspeição
Depois de perder por 1 a 0 para o Juventude, no Alfredo Jaconi, o Inter reclamou do pênalti assinalado por Diego Real, aos 47 minutos do segundo tempo. Vice de futebol colorado, Roberto Melo reclamou com veemência:
– É uma vergonha o que aconteceu aqui hoje, o que vem acontecendo no campeonato. Infelizmente, eu coloco esse campeonato sob suspeição. Está sendo feito todo o possível para o Inter não ser heptacampeão.
A emocionante briga contra o rebaixamento
A última rodada do Campeonato Gaúcho foi emocionante na parte inferior. Tido como um dos melhores do Interior, o Brasil-Pel decepcionou e quase foi rebaixado, ao perder para o lanterna Passo Fundo. A sorte xavante foi que, apesar da pressão, o Ypiranga não conseguiu vencer o Caxias em casa e acabou caindo. O São Paulo-RG, que iniciou a última rodada em 10º, conseguiu derrotar o Grêmio no Aldo Dapuzzo e só não alcançou uma surpreendente classificação porque o Juventude bateu o São José.
Bandeira grená no Jaconi
Depois de vencer o Juventude por 1 a 0, no Alfredo Jaconi, Wagner decidiu esquentar ainda mais a rivalidade. O meia pegou uma bandeira do Caxias e cravou no centro do campo. A ação provocou a ira dos torcedores e jogadores rivais. Houve tumulto. A Brigada Militar precisou agir.
"Pé duro, ruim"
Wagner foi um personagem à parte do Gauchão. Com a camisa do Caxias, venceu três Ca-Jus consecutivos, chegou à semifinal do Estadual e, ao se despedir do clube, fez um vídeo. Bem ao seu estilo, polêmico.
Em 2 minutos e 37 segundos, Wagner provocou o rival Juventude e direcionou críticas a Wallacer, Caprini e Ruan Renato. Ao primeiro, disse que "nunca jogou na Série A". Chamou o segundo de caloteiro. O zagueiro qualificou como "pé duro, ruim".
Libertadores em segundo plano
Em plena Libertadores, o Grêmio poupou titulares para o segundo jogo da semifinal do Gauchão contra o Novo Hamburgo. A ideia funcionou de certa forma na competição internacional, já que o Tricolor conseguiu empatar fora de casa com o Guaraní-PAR. Mas a estratégia não funcionou para o Campeonato Gaúcho.
Momento de tensão
Ao comemorar o gol de empate do Novo Hamburgo contra o Grêmio, na semifinal do Gauchão, no Estádio do Vale, o torcedor anilado Jefferson Kayser caiu do alambrado. Com traumatismo craniano, ele passou por uma cirurgia no dia seguinte. Ainda se recupera do acidente.
A novela do Vale
Para receber a final do Gauchão, o Novo Hamburgo teria que ter o Estádio do Vale em condições de receber 10 mil torcedores. Mesmo com a tentativa de instalar arquibancadas metálicas, elas não foram liberadas. O jogo decisivo foi, então, marcado para o Centenário. E o final da história todos já conhecem.
Os goleiros do Inter
Os goleiros do Inter foram outro capítulo importante do Gauchão. Com três jogadores da posição inscritos, o clube perdeu inicialmente Danilo Fernandes, no dia 5 de abril.
Sobraram Marcelo Lomba e Keiller. Mas os dois se machucaram também. O primeiro, ao cobrar tiro de meta na semifinal contra o Caxias, forçando o ingresso do goleiro de 20 anos. Keiller aumentou o drama colorado após sofrer luxação no braço, no duelo de ida da final contra o Novo Hamburgo.
Foi dessa maneira que Danilo Fernandes precisou ser escalado para o confronto decisivo no Centenário. O retorno emergencial reduziu quase pela metade o prazo que, inicialmente, o camisa 1 deveria ficar de molho – de 60 para 32 dias.
O título inédito
Depois de tudo, do drama dos goleiros e da indefinição sobre o local do jogo, o Gauchão foi decidido em um Centenário repleto de colorados. Ainda assim, o título ficou com o Novo Hamburgo: o anilado saiu na frente, permitiu o empate e, nos pênaltis, viu mais uma vez brilhar a estrela do goleiro Matheus. O gol de Pablo definiu o placar de 3 a 1 nas cobranças e a festa do mais novo campeão gaúcho da história.
*ZHESPORTES