Leitores da Serra ficam indignados quando os jornalistas da Capital lembram que a dupla Gre-Nal é sempre favorita em jogos contra Caxias e Juventude e em qualquer competição, local ou nacional. E são mesmo. Uma fileira de números prova a superioridade. Não existe menosprezo, desdém. Só os dois pés e as duas mãos presas na realidade do futebol local.
A tendência é a vitória de Grêmio e Inter. São maiores, mais qualificados, exibem melhores jogadores e pagam ótimos salários. Os tropeços acontecem, um em cada década, menos talvez, como o que tombou o Grêmio na semana passada, bem na sua Arena. No jogo, o acaso é real.
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O Juventude fez uma partida perfeita no Alfredo Jaconi. Venceu. Dominado amplamente na outra, foi salvo por um gol depois de sofrer três. Puro mérito, jogou pelo regulamento. Futebol não se observa pelos extremos, mas pela média. De vez em quando, por diferentes razões, um time sai de baixo ou do meio da tabela e visita o topo, veste a faixa de campeão, como o Leicester City, da Inglaterra, nesta temporada. O Juventude é candidato.
Não será surpresa se o Juventude erguer a taça do Gauchão. Não me parece provável o título, porém. O time serrano não é favorito. Fora de Caxias do Sul, poucos acreditam. No Sul, metade seca, o que é diferente.
Seria legal, muito legal mesmo, se o Rio Grande do Sul contasse como quatro ou cinco times grandes, torcidas empolgantes e dispostas sempre aos títulos, como em São Paulo e no Rio de Janeira. Mineiros sofrem como os gaúchos com a mesma dualidade, só Cruzeiro e Atlético-MG tem relevância. O América-MG aparece esporadicamente na luta por uma taça em Minas Gerais.
Pelo que observei do Ju em dois jogos não creio no seu poder em duas partidas contra o Inter. Pode vencer uma no seu campo de jogo, empatar, quem sabe, mas a decisão será no Beira-Rio. O Inter é mais letal em casa do que fora. E está muito mais concentrado no Gauchão do que o Grêmio, maneteado pela Libertadores.
Ao futebol local, uma vitória do Ju fará um bem danado. O Interior será observado com outros olhos. O feito atrairá dinheiro, patrocinadores, novos interesses. O Inter só vê o hexa. A torcida não está nada preocupada com o futuro do futebol regional. Só o seu clube interessa. Ele é único. É fácil prever o título colorado. É duro arriscar no outro lado.
Futebol é seguido pela lógica, quase sempre os melhores vencem. Mas ninguém tem 100% de certeza, nem depois do começo do segundo tempo.