Há três anos, Roberta Schroeder também teve de enfrentar a depressão. A ex-lateral do Inter descobriu a doença no início de 2021 e, desde então, tem um cuidado maior com a saúde mental. À época, ela também sofria com uma lesão grave de cartilagem.
— Foram muitas coisas que me levaram (à depressão). E você quer sair daquela dor, você quer se livrar dela. O que foi crucial para mim, naquele momento, foi ter conhecimento de que eu estava no fundo do poço. Eu precisava de ajuda e procurei uma psicóloga, comecei a fazer terapia. Já são praticamente três, quatro anos fazendo terapia. Sempre falo: posso largar qualquer coisa, menos a minha psicóloga — conta Roberta, de 31 anos.
Posso largar qualquer coisa, mas não largo a minha psicóloga.
ROBERTA SCHROEDER
EX-LATERAL DO INTER
A dor da depressão não é física. Longe disso. Mas, na maioria das vezes, dói tanto (ou até mais) do que qualquer fratura.
— Eu sentia uma dor tão grande, na alma, acho que só as pessoas que já sentiram vão compreender. Porque é uma dor que não tem como explicar. Foi a pior que eu senti na vida. É a falta de esperança na tua existência, no fato de que as coisas vão melhorar, o cansaço. Eu lembro que estava sempre muito cansada, exausta, não tinha forças para lutar. Então, foi nesse momento que eu parei e falei: meu fim não pode ser esse — relembra.
É uma dor que não tem como explicar. Foi a pior dor que eu senti na vida.
ROBERTA SCHROEDER
SOBRE O MOMENTO EM QUE SE DEPAROU COM A DEPRESSÃO
Roberta percebeu que precisava de ajuda. Tomou coragem para pedir e iniciou as sessões de terapia. Foram cerca de quatro meses até voltar a amar o futebol.
— Sempre falo que o futebol me levou aos extremos, tanto de coisas boas, quanto de não boas.
E completa:
— A gente começou fazendo duas sessões (de terapia) por semana. Depois foi passando para uma vez por semana. Então, isso também foi muito importante. E acho que de quatro a seis meses nesse processo, eu vi que estava melhor, que conseguia dormir melhor, que as coisas estavam fluindo do tipo: estou voltando a amar o futebol.
Após passar por isso, a lateral também se deu conta de que, na verdade, jogadora de futebol não é super-heroína.
— Muitas vezes, a gente cria uma capa, acaba colocando um muro, do tipo: "nós somos heróis, nós somos super-heroínas, e precisamos enfrentar tudo, precisamos passar pelas coisas", porque é o que eu sempre falo também para as pessoas, querendo ou não, nossa vida é uma vida meio que sozinha — finaliza a jogadora, que atualmente joga pelo Ramat Hasharon, em Israel.
Como pedir ajuda?
O Centro de Valorização da Vida (CVV) presta serviços 24 horas por dia para aqueles que precisam de apoio emocional. Os contatos podem ser feitos dessas formas:
- Pelo telefone 188: ligação gratuita, disponível 24 horas por dia;
- Chat: todos os dias da semana em horários definidos (veja aqui);
- E-mail: pelo apoioemocional@cvv.org.br ou preenchendo o formulário no site.
Os atletas que estiverem precisando de ajuda também podem entrar em contato com a Associação Brasileira de Psicologia do Esporte por meio das redes sociais. A entidade conecta jogadores com psicólogas associados que possam prestar o serviço.