Tite assinou, na terça-feira (17), a rescisão de contrato com a CBF e encerrou um ciclo de seis anos e meio como técnico da Seleção Brasileira. Mas a Era Tite chegou ao fim, de fato, no mês passado, assim que o Brasil foi eliminado pela Croácia nas quartas de final da Copa do Mundo do Catar. O treinador comandou o Brasil em 81 jogos desde 2016. No período, conquistou o título da Copa América de 2019 e perdeu apenas seis partidas.
Assim, o lugar de treinador da Seleção está vago pela primeira desde 2016, quando Tite assumiu no lugar de Dunga. Quanto ao futuro técnico da Seleção, o mistério prossegue. Ainda que os nomes de Carlo Ancelotti, José Mourinho e Pep Guardiola tenham sido elencados nos últimos meses, oficialmente a CBF assegura que nenhum treinador foi procurado.
Pensando nisso, GZH ouviu 10 comentaristas esportivos para saber quem eles escolheriam como novo treinador da Seleção Brasileira e quais os motivos. Confira:
Ana Thais Matos (Grupo Globo) – Fernando Diniz
"Gostaria muito do Fernando Diniz na Seleção Brasileira. Ele é um técnico de conceitos modernos e estímulos diferentes do que estamos acostumados. Acho que seria importantíssimo para o próximo ciclo. Além dos conceitos de campo e bola é quase unânime o bom relacionamento do Fernando com os jogadores em todos os clubes que passou. Ele tem algo que jogador valoriza muito: passa coragem para os mais novos. Além de extrair muito mais do que o melhor de cada jogador, ele descobre novas potências, estimula desafios. Por fim, o próximo treinador vai ter de mexer principalmente com o psicológico desses jogadores, e o Fernando é o cara para isso. Torço para que seja ele."
Filipe Gamba (Grupo RBS) – Abel Ferreira
"Abel Ferreira. A trajetória recente do treinador português mostra que ele tem totais condições de assumir um desafio do tamanho da Seleção Brasileira. Em favor de Abel não pesam apenas os títulos que ele conquistou à frente do Palmeiras, mas também as variações táticas que ele fez com que o time paulista passasse durante o período em que esteve no comando técnico."
Galvão Bueno (Rede Globo) – Carlos Ancelotti
"Eu tenho o meu técnico para a Seleção. O nome dele é Carlo Ancelotti. O diretor de seleções da CBF deveria ser Paulo Roberto Falcão, que está no Santos. Eles formaram um meio-campo sensacional, o melhor da história da Roma. Eles são amigos e parceiros. E Falcão é um ídolo do Ancelotti. Ele é o técnico mais vitorioso da Europa, com maior número de títulos da Liga dos Campeões e o único campeão da Itália, da Inglaterra, da Alemanha, da Espanha e da França. Juntos na Seleção Brasileira para mudar esse andamento que não vem dando certo há muito tempo."
Grafite (SporTV) – Fernando Diniz, Guardiola, Ancelotti ou Mourinho
"Somos pentacampeões com treinadores brasileiros. Não é porque o momento tecnicamente dos nossos técnicos não é dos melhores que os treinadores não prestam mais. Os estrangeiros estão ganhando notoriedade muito grande no Brasil, tanto é que temos 10 clubes com treinadores estrangeiros. Até então, o melhor treinador do Brasil é o Tite. Na sequência, vem o Fernando Diniz. Na minha opinião, Rogério Ceni vem crescendo, tem o Renato Portaluppi, que não vive um bom momento, mas mostrou que é capacitado, e o Mano Menezes está em alta, mas não para ser cogitado pra Seleção. E tem os estrangeiros, como o Abel Ferreira, que nos últimos dois anos vem fazendo um trabalho excelente no Brasil. Além disso, tem os tops estrangeiros, como o Pep Guardiola, o Carlo Ancelotti, e o próprio José Mourinho que foi procurado. Acho que para a Seleção não tem que ver passaporte. Tem que ser um técnico bom, independentemente se for estrangeiro ou não.
Se vier o Ancelotti, Guardiola, Mourinho, maravilha. Se escolherem do Brasil, derem suporte, tem que dar tempo ao tempo. O Tite teve um ciclo de seis anos. Dele, não analiso só o resultado na Copa do Mundo, vou analisar o trabalho. Em seis anos, foi um trabalho muito bom, com respaldo, de continuidade, onde ele conseguiu trazer jogadores importantes para a Seleção. Quem treinar o Brasil tem que ser o melhor, independentemente do passaporte."
José Alberto Andrade (Grupo RBS) – Abel Ferreira, Mano Menezes ou Zidane
"No Brasil há dois nomes que poderiam assumir o comando da Seleção Brasileira: Abel Ferreira e Mano Menezes. O português tem a vantagem de um retrospecto recente extremamente vitorioso no Palmeiras, contando com modernos conceitos táticos e já uma boa experiência de futebol brasileiro. No caso de Mano, há um amadurecimento em relação à sua primeira experiência na Seleção, com bons diagnósticos e conhecimento adquiridos naquela passagem. Jamais se mostrou desatualizado.
Dos treinadores que estão no Exterior, seria muito bom partir para uma experiência com Zinedine Zidane. O francês mostrou, ainda que atuando na Europa, um estilo de trabalho próximo ao que é feito historicamente no Brasil. Seria uma ruptura menos radical do que nomes até mais vitoriosos como Guardiola, Mourinho ou Ancellotti."
Marcos Bertoncello (Grupo RBS) – Abel Ferreira
"Abel Ferreira. Sou um entusiasta por um técnico estrangeiro na Seleção Brasileira. Além dos títulos conquistados em sua passagem vitoriosa pelo Palmeiras, Abel já conhece a cultura do futebol brasileiro, algo importante para ocupar esse cargo. Ele é o treinador mais longevo da Série A do Brasileirão. E obviamente que a questão da língua ajuda nos processos de trabalho no comando técnico."
Maurício Saraiva (Grupo RBS) – Abel Ferreira
"Gosto do nome de Abel Ferreira. Não por estrangeiro e sim por competência. Tem uma grande imersão na cultura do futebol brasileiro, é multicampeão e saberia medir o tamanho do desafio e a intensidade da entrega para fazer dar certo."
Mauro Beting (SBT e TNT Sports) – Guardiola, Klopp ou Ancelotti
"Eu não tenho nome ideal para substituir o Tite agora e não tinha antes da Copa, mesmo se o Brasil tivesse sido hexa. Desta vez, diferentemente de quando o Tite assumiu, em 2016, o Tite era a bola da vez. Em 2014 e mais ainda em 2016. Agora, confesso, não tem bola da vez, nem brasileira e nem estrangeira. Claro, Guardiola, fato, Klopp, também, Ancelotti seria ótimo, mas fora esses três, sinceramente não tenho ideia. Não vejo um grande nome lá fora e não vejo aqui dentro também."
Paulo Calçade (ESPN) – Abel Ferreira
"A gente precisa admitir que não é uma missão fácil. O técnico brasileiro chegar à Seleção é o ponto máximo da carreira. Não vai ser fora do país, isso não existe mais, nem em mercado periféricos nós estamos mais. Então, o ponto máximo não será no futebol europeu, será dirigindo a Seleção. Nós também temos aí um problema muito grave que é não termos condições técnicas de colocar alguém de um nível muito alto porque o futebol brasileiro não soube se desenvolver nesse sentido, de preparar treinadores, pelo nosso próprio sistema do dia a dia, de calendário recheado, onde se joga quatro vezes em 15 dias, oito vezes ao mês. Você não produz grandes treinadores, você produz apenas bombeiros e chega nesse momento e a Seleção não precisa só de bombeiro.
É preciso entender também que em uma seleção você é um convocador, um formulador de algumas ideias, preenche esses retalhos, tenta fazer uma costura e formar uma seleção. O grande treinador nem sempre vai querer isso, porque é um trabalho que aquilo que ele é capaz de fazer aparece muito pouco. Os grandes treinadores ficam nas grandes equipes do futebol mundial, e por isso é complicado. Nós temos aqui no Brasil algumas figuras. Para mim, o melhor nome é o Abel Ferreira, do Palmeiras. Ele conhece muito bem o futebol brasileiro, conhece os jogadores que atuam aqui e conhece o mercado internacional. É um cara com uma mente capacitada, ainda que eu não acredite que ele vai ser o treinador da Seleção. Estamos em uma situação bem complicada."
Paulo Vinícius Coelho (UOL) – Mano Menezes
"Mano Menezes. Porque os maiores técnicos da Europa não virão (talvez Zidane tope, mas é difícil e caro), porque o técnico vai precisar de experiência. Não sou contra técnico estrangeiro, não. Mas acho que nossa lua de mel pode se transformar em preconceito em forma de comentário na segunda derrota. Além da escolha, a CBF precisará trabalhar muito para formar uma nova geração de treinadores brasileiros capazes de encantar aqui e ter conhecimento para trabalhar na Europa."