A preocupação da delegação da Croácia com a condição física dos jogadores para enfrentar o Brasil se justifica. Nos números, fica transparente como as águas que banham Doha que os croatas se desgastaram mais do que os brasileiros nas quatro primeiras partidas da Copa do Mundo. Contando somente os jogadores titulares, o time europeu chega para o jogo de sexta-feira (9), pelas oitavas de final, tendo percorrido 139 quilômetros a mais do que a equipe de Tite.
Há diversas razões para este índice. Brasil e Argentina foram as equipes que percorreram menor distância na primeira fase. Foram 110 km, em média, de Neymar e seus parças, e 105 km por Messi e seus companheiros. Esse dado divulgado pela Fifa, entretanto, conta os três jogos da etapa de grupos. Cavando um pouco mais, a diferença aumenta.
A primeira grande vantagem brasileira foi ter resolvido sua vida nos dois primeiros jogos. O conforto da classificação antecipada permitiu poupar os principais jogadores na partida contra Camarões. Sem a mesma competência, a Croácia jogou a vida contra a Bélgica.
A situação se agravou nas oitavas de final. Nos primeiros 45 minutos, a Seleção resolveu a bronca contra a Coreia do Sul. A equipe de Zlatko Dalić só garantiu o avanço sobre o Japão na aflição dos pênaltis.
— O jogo contra o Japão foi muito desgastante para nós. Dominamos a partida, poderíamos ter feito mais de um gol, evitando a prorrogação e a disputa por pênaltis. Poderíamos ter resolvido o jogo antes e aí não teríamos nos desgastado tanto em uma partida tão intensa — lamentou o meia-atacante Nikola Vlasic.
Ao todo, o provável time titular da Croácia percorreu 416,6 km. Os 11 preferidos de Tite se deslocaram por 277,8 km. Em média, cada um dos croatas que deve começar a partida no Estádio da Cidade da Educação zingrou pelos gramados, em média, 37,8 km contra 25,2 km. É como se o Brasil tivesse disputado as partidas com um jogador a mais e, por isso, percorrido uma menor distância.
— Mais do que a questão dos quilômetros percorridos, a questão do descanso da Seleção Brasileira, de ter tido um jogo a menos, é um impacto forte em termos de parte física. Contra o Japão, alguns jogadores da Croácia começaram a sair no fim do jogo. Todos os técnicos ressaltam essa questão do menor tempo de descanso entre um jogo e outro — avalia Gabriel Corrêa, analista da plataforma Footure.
Há uma outra razão para a média brasileira ser mais baixa. Neymar e Danilo se lesionaram na estreia e ficaram de fora por duas partidas.
O volante Brozovic é o pulmão de aço dos europeus. Em quatro partidas e uma prorrogação, ele percorreu 56,2 km. O recordista brasileiro é o zagueiro Marquinhos, com 34,4 km. Dos jogadores de linha, somente o centroavante Livaja, que não foi titular em todos os jogos, cobriu uma distância menor entre os jogadores do time europeu.
— A questão física está a favor do Brasil. A questão da idade também vai pesar. Isso tudo pode, inclusive, ser decisivo — avalia Diogo Olivier, comentarista do Grupo RBS enviado ao Catar.
A seleção da Croácia é mais velha, embora a diferença seja menos significativa. A média de idade nos jogos dos croatas variou entre 29,1 e 29,9 anos. A brasileira ficou entre 27,3 e 29,2 anos.
Distância percorrida
Croácia
- Brozovic - 56,2 km
- Gvardiol - 45,3 km
- Kovacic - 42,8 km
Brasil
- Marquinhos - 34,4 km
- Casemiro - 33,8 km
- Raphinha - 31,1 km