Marrocos fez história neste sábado (10). A vitória de 1 a 0 sobre Portugal garantiu os marroquinos como o primeiro selecionado africano a avançar para uma semifinal de Copa do Mundo. A campanha histórica da equipe comandada pelo técnico Walid Regragui tem como base a solidez defensiva.
Marrocos atingiu contra Portugal o seu quarto jogo sem sofrer gol na Copa do Mundo. Antes da seleção portuguesa, de Cristiano Ronaldo, João Félix, Gonçalo Ramos e cia, os marroquinos já haviam mantido o placar em zero contra Croácia, Bélgica e Espanha.
Apenas o modesto Canadá conseguiu comemorar um gol diante da seleção africana, ainda assim marcado contra pelo zagueiro Aguerd, quando os marroquinos já venciam por 2 a 0 — o jogo terminou em 2 a 1.
Essa solidez foi conquistada por um sistema defensivo que tem como base a compactação em seu campo. Atuando preferencialmente no 4-1-4-1, Marrocos tem as duas linhas de quatro próximas e entre elas joga o volante Sofyan Amrabat. O jogador que atua na Fiorentina tem funcionado como um pilar desse sistema defensivo.
O mapa de calor da partida contra Portugal mostra como os marroquinos estiveram na maior parte do tempo em seu campo protegendo os espaços e dificultando as ações da equipe europeia.
Essa marcação funciona com preferência para os jogadores manterem seus espaços na zona do campo com organização para as coberturas. Forte pelo centro, Marrocos até proporciona para os adversários a possibilidade dos cruzamentos, mas o forte jogo aéreo de seus zagueiros têm lhe dado vantagens nos duelos.
Os números comprovam esse sucesso defensivo de Marrocos. Neste sábado, Portugal conseguiu finalizar apenas três vezes no gol de Bono, apenas uma de dentro da área. Três finalizações foi o número máximo de um adversário marroquino neste Mundial, alcançado pela Bélgica. A Croácia chutou apenas duas bolas no gol contra os africanos e a Espanha, uma. Beneficiado por um gol contra no duelo com Marrocos, o Canadá não acertou nenhuma finalização no alvo no confronto válido pela última rodada da fase de grupos.
Por proporcionar pouca possibilidade para os adversários finalizarem, o goleiro Bono aparece com uma média de apenas 1,3 defesas por jogo na Copa do Mundo. Apenas cinco goleiros trabalharam menos que ele durante as partidas: Galíndez, do Equador (0,3 por jogo), Emiliano Martínez, da Argentina (0,4), Hugo Lloris, da França (0,7) e Guillermo Ochoa, do México (1) e Jordan Pickford, de Inglaterra (1)
Para chegar a esses números, Marrocos é a seleção que mais faz cortes na Copa do Mundo, média de 27, 4 por jogo e a quarta que mais desarma, de 20,8 por partida.
Baixa posse de bola e pouca chegada ao ataque
Montada para defender, Marrocos não tem preocupação em valorizar a posse de bola quando recupera. Pelo contrário, o jogo da equipe consiste em buscar o ataque de forma rápida, usando os pivôs do centroavante En-Nesyri — ou de seu reserva Walid Cheddira — e as chegadas pelos lados dos pontas Hakim Ziyech e Sofiane Boufal — além das subidas do lateral-direito Hakimi. Homens centrais do meio-campo, Selim Amallah e Azzedine Ounahi também têm papel importante na aceleração das transições.
São poucas chegadas ao ataque, porém. A média de finalizações dos marroquinos é a quarta menor na Copa, de 7,8 por jogo, atrás apenas dos já eliminados Catar, Austrália e Costa Rica. Os cinco gols marcados vieram das 13 finalizações que Marrocos acertou no alvo no Mundial. Isso significa que a seleção africana tem uma média de apenas 2,6 chutes no gol por partida.
Como chega pouco ao gol rival, Marrocos precisará manter eficiência defensiva na semifinal para seguir escrevendo história e ser o primeiro país africano finalista de Copa do Mundo.