O clima de revanche, tão alimentado pela imprensa de Gana antes do jogo decisivo contra o Uruguai, não é compartilhado pelos torcedores ganeses ouvidos por GZH na chegada ao estádio Al-Janoub, nesta sexta-feira (2). Segundo os africanos, a mão na bola de Luis Suárez e o polêmico jogo da Copa de 2010 fazem parte do passado.
— Este jogo de hoje não é uma revanche. O que aconteceu em 2010 é passado e, mesmo se ganharmos hoje, não vai mudar o que aconteceu no Mundial da África do Sul. Estamos preocupados em ganhar o jogo de hoje e não em nos vingar dos uruguaios. Queremos nos classificar e acreditamos que estamos prontos pra isso — conta o torcedor ganês Issa Adam, 30 anos, que mora no Catar, onde trabalha na operação do metrô de Gana.
Na Copa de 2010, ganeses e uruguaios se encontraram nas quartas de final. Após empate em 1 a 1 no tempo normal, o centroavante Luís Suárez acabou evitando um gol dos africanos com a mão, em cima da linha, no último minuto da prorrogação, e foi expulso. O árbitro marcou o pênalti.
Asamoah Gyan foi para a cobrança e a desperdiçou, jogando fora a chance de classificar Gana para a semifinal, o que seria um feito inédito. Nas penalidades, os uruguaios levaram a melhor pelo placar de 4 a 2. Suárez foi questionado nessa quinta-feira (1º) a respeito do lance em que, basicamente, teve a "sorte" de trocar eliminação por uma expulsão.
— Talvez eu devesse pedir desculpas se eu tivesse lesionado algum jogador adversário. Mas, naquela situação, o árbitro me expulsou e marcou o pênalti. Agora, converter o pênalti não era a minha responsabilidade. Logo, não foi culpa minha — disse Suárez.
Para vencer o Uruguai, Gana aposta na sua torcida. Como há muitos ganeses vivendo em Doha, a tendência é de que os africanos sejam maioria no estádio Al-Janoub.
— Moro aqui no Catar e vim torcer pelo meu país. Estamos confiantes na vitória e de forma alguma esse jogo é uma revanche. Não é. Nosso foco é em ganhar hoje. O que aconteceu em 2010 já passou — disse a GZH o ganes Bright Murray, 37 anos.
O sentimento é compartilhado pelo ganês Richard Nyarko, 28 anos, também morador de Doha.
— O que nos importa hoje é ganhar, sem essa de revanche — finalizou.
Para alcançar a vaga nas oitavas de final, Gana precisa apenas de uma vitória simples sobre o Uruguai, nesta sexta-feira (2), às 12h (horário de Brasília).