O Brasil vestirá azul contra Camarões nesta sexta-feira (2). Será a primeira vez na Copa do Catar que o time de Tite jogará com o seu segundo uniforme.
O fardamento está repleto de histórias curiosas e lendas. Elas passam por empréstimos, sorteios, improvisos e vitórias. A seguir, confira cinco curiosidades sobre a história do uniforme azul da Seleção Brasileira.
Camisa do Boca Juniors
A introdução do uniforme azul na vida da Seleção surgiu ao acaso. A começar pela inusitada data do Sul-Americano de 1936, iniciado nos últimos dias de dezembro e que se estendeu até fevereiro do ano seguinte.
Trajando branco, Brasil e Chile se apresentaram para jogar na Bombonera. Nenhum dos dois lados se dispôs a trocar de camisa. Pelo lado brasileiro havia uma justificativa plausível para a postura irredutível. Simplesmente não havia um segundo uniforme. No sorteio, os chilenos ganharam o direito de sua camisa principal.
Sem ter outro fardamento, a saída foi fazer um empréstimo e, ao mesmo tempo, uma gentileza. Como o jogo era no estádio do Boca Juniors, a Seleção pegou o uniforme azul e amarelo da equipe argentina para fazer uma homenagem. Com as cores xeneizes, o Brasil venceu por 6 a 4.
Antes da Amarelinha
O uniforme canarinho entrou em cena somente na Copa de 1954. O azul estreou bem antes. A primeira vez em que o Brasil precisou jogar com outra camisa que não a branca em um Mundial foi na edição de 1938, disputada na França.
Outro empréstimo
A situação vivida na Bombonera se repetiu no Estádio Meinau, em Estrasburgo. Polônia e Brasil não abriam mão de vestir uma camisa branca. Mais uma vez, azar no sorteio, sorte no jogo.
Para entrar em campo, a comissão técnica foi em busca de uniformes e escolheu um azul, em um tom mais claro do que o do calção. Não há uma informação precisa da origem das camisetas. Com o empréstimo às pressas, não foi possível bordar o distintivo da CBD no lado esquerdo do peito.
Em campo, um mar de gols em um dos grandes jogos da histórias das Copas. Vitória Brasileira por 6 a 5, com três gols de Leônidas da Silva.
Camisa do título
O azul reapareceu na vida da Seleção em Copas só depois que o verde e amarelo viraram as cores oficiais. A história se repetiu. Não havia um segundo uniforme para ser utilizado e o Brasil perdeu o sorteio relativos aos uniformes a serem usados na final de 1958.
O adversário era a Suécia, também detentora de um fardamento amarelo. A decisão de quem jogaria com a camisa principal ocorreu na sexta-feira. A decisão era dois dias depois. No sábado, segundo a lenda, o roupeiro Francisco de Assis saiu pelas ruas de Estocolmo para encontrar novos uniformes e bordar o distintivo da CBD, dessa vez deu tempo.
Os jogadores ficaram cabreiros de terem de jogar de azul. Para jogar o ânimo do elenco para o alto, Paulo Machado de Carvalho, chefe da delegação brasileira, disse que o time entraria em campo vestindo a cor do manto de Nossa Senhora Aparecida. Novamente, o resultado foi positivo. O Brasil goleou por 5 a 2 e foi campeão mundial pela primeira vez.
Mas há controvérsias, não em relação ao título, mas sobre a utilização do fardamento azul. O escritor gaúcho Aldyr Garcia Schelee (1934-2018), vencedor do concurso que definiu a camisa amarela como a que seria a cara do Brasil no Exterior, contesta o relato oficial. Na sua versão, a CBD já tinha os uniformes azuis desenhados por ele próprio e a história seria apenas folclore.
Retrospecto
Embora tenha se tornado tradicional, a camisa azul não é vista com tanta frequência em Copas. Somente em 10% das 111 partidas que o Brasil disputou em Mundiais o time precisou jogar sem a camisa principal. O recorde foi na campanha do Tetra, em 1994, quando foi utilizado em três partidas.
Somente duas vezes a derrota apareceu na frente do uniforme azul em Copas. Ambas para a Holanda. A primeira em 1974. A segunda, em 2010. Teve também o 1 a 1 com a Suécia, no fechamento da fase de grupos de 1994. De resto, só vitórias.
O uniforme azul em Copas
- 1938 - Brasil 6x5 Polônia
- 1958 - Brasil 5x2 Suécia
- 1974 - Brasil 2x1 Argentina
- 1974 - Brasil 0x2 Holanda
- 1978 Brasil 3x1 Polônia
- 1994 - Brasil 1x1 Suécia
- 1994 - Brasil 3x2 Holanda
- 1994 - Brasil 1x0 Suécia
- 2002 Brasil 2x1 Inglaterra
- 2010 - Brasil 1x2 Holanda
- 2018 - Brasil 2x0 Costa Rica