Em 2002, a Alemanha, apesar do vice-campeonato, entendeu que a estrutura do seu futebol passaria por uma reformulação – as mudanças culminaram no título de 2014. Imagina o tamanho da reestruturação que terá de ser planejada a partir de agora que o país cai pela segunda vez na fase de grupos de uma Copa do Mundo. O abalo nas estruturas chegou após a vitória por 4 a 2 sobre a Costa Rica, nesta quinta-feira (1).
Em uma partida histórica pela presença da francesa Stéphanie Frappart, primeira mulher a apitar um Mundial masculino, os alemães chegaram com seu destino nas mãos da Espanha. Era preciso vencer a Costa Rica e torcer por tropeço do Japão, em Doha. No fim, fizeram a sua parte, ajudando os espanhóis a irem às oitavas junto com os japoneses, mas a reciproca não foi verdadeira.
No início da última rodada do Grupo E, parecia que, por caminhos tortos, os dois favoritos avançariam. A Alemanha sufocou o adversário. Atacou de todos os modos. Navas, reserva no PSG, matou a saudade de defender de tanto que foi exigido. Mas em um desses lances, nada pôde fazer.
Aos 9 minutos, Gnabry conseguiu desbloquear a defesa costarriquenha. O erro foi achar que tudo estava definido. Nos 35 minutos seguintes do primeiro tempo, somente um lance de perigo foi criado. A displicência começou a fazer efeito no outro lado do campo. Em dois contra-ataques, o time da América Central ameaçou.
Era um prenúncio do que viria no começo da etapa final. A Costa Rica acreditou que era possível se classificar. Junto com o credo veio uma montanha-russa maluca cruzando o que acontecia nos dois jogos.
Com 7 minutos de jogo, o Japão virou sobre a Espanha. Assim, só uma goleada classificava a Alemanha. O resultado no outro confronto aumentou as esperanças da Costa Rica. O empate saiu cinco minutos depois da reviravolta em Doha. Após primeiro arremate em que Neuer não segurou firme, Tejeda deu igualdade ao placar.
Mesmo que somente uma goleada maior que o 7 a 1 seria suficiente para a classificação, os alemães se enfureceram rumo ao ataque. Foram duas bolas na trave. Então, o impensável aconteceu. Os centro-americanos viraram aos 24 minutos.
A bola pipocou na área até sobrar para Vargas virar o placar, em nova falha de Neuer. Nesse instante, Japão e Costa Rica avançavam. A tragédia dupla durou pouco. Três minutos depois, Havertz igualou.
Embora a probabilidade de avanço dos germânicos fosse menor, eram eles quem mais atacavam. Navas fez mais um milagre. Havertz logo em seguida virou o placar outra vez. Füllkrug ampliou, mas ainda era preciso mais cinco gols em 10 minutos de acréscimos, ou uma ajudinha espanhola. Nenhum nem outro. Em um dia que entrou em campo dependendo da Espanha, foi a Alemanha que salvou os espanhóis. De toda forma, os tetracampeões têm uma nova revolução para iniciar.
GRUPO E – 3ª rodada - 1º/12/2022
COSTA RICA (2)
Navas; Óscar Duarte, Watson e Vargas; Fuller (Bennette, 29’/ST) Cleso Borges, Tejeda (Contreras, 48’/ST), Aguilera (Salas, INT) e Oviedo (Wilson, 48’/ST); Campbell e Venegas (Matarrita, 29’/ST). Técnico: Luis Fernando Suárez
ALEMANHA (4)
Neuer; Kimmich, Süle, Rüdiger e Raum (Götze, 21’/ST); Gundogan (Füllkrug, 11’/ST), Goretzka (Klostermann. INT), Gnabry, Musiala e Sané; Müller (Havertz, 21’/ST). Técnico: Hnasi Flick.
GOLS: Gnabry, aos 9 minutos do primeiro tempo; Tejeda, aos 12, Vargas, aos 24, Havertz, aos 27 e aos 40, e Füllkrug, aos 44 minutos do segundo tempo.
CARTÃO AMARELO: Duarte (CR)
ARBITRAGEM: Stéphanie Frappart (França), auxiliada por Neuza Inês Back (Brasil) e Karen Diaz Medina (México). VAR: Drew Fischer (Canadá)
LOCAL: Estádio Al Bayt, em Al Khor