Cláudio Taffarel tornou-se o guardião do Brasil ao defender pênaltis decisivos em Copas do Mundo e, na sequência, erguer suas poderosas mãos para o céu. Virou o protetor, a figura mais simbólica do país quando pensamos em goleiro da Seleção Brasileira. Agora, como treinador de goleiros, ele irá para sua sexta Copa.
O pequeno Taffarel, no entanto, começou a vestir a camisa de goleiro ainda na escola, em Santa Rosa, no Norte do Estado. Por lá, uma estátua representa a vida dessa figura emblemática. Com 18 anos, passou em um teste no Beira-Rio e se mudou para Porto Alegre. Após medalhas olímpicas ainda como jogador do Inter, disputou sua primeira Copa do Mundo aos 24 anos, quando já era jogador da Reggiana.
A Copa do Mundo da Itália, em 1990, é o início da saga da família em Mundiais. No entanto, terminou como a maior decepção de Taffarel vestindo verde e amarelo. Depois de uma primeira fase com três vitórias, a queda para a Argentina nas oitavas de final foi cruel.
— O Cláudio sempre foi uma pessoa de muita fé e pensou na Copa como um prêmio. Talvez, naquele ano não era merecido, depois de tudo que aconteceu internamente, ao contrário de 1994 — comentou Andrea, esposa de Taffarel.
Nos Estados Unidos, em 1994, a história foi diferente. Apesar dos dramáticos mata-matas, o Brasil chegou à decisão conduzido por Romário. Na final diante da Itália, Taffarel fez a diferença ao defender o pênalti de Daniele Massaro, um dos desperdiçados pelos italianos. Na sequência veio o chute para fora de Roberto Baggio. "Acabou, é Tetra", foi eternizado pelo narrador Galvão Bueno e a história do futebol mundial desenhava mais um herói nacional.
— Quando foi pros pênaltis, meu coração tinha certeza de que a gente ia ganhar. que eu disse o negócio foi pros pênaltis pra gente ganhar . Nunca pensei que o Baggio iria chutar para fora, mas é de destino. Se o Cláudio tivesse pego aquele pênalti, talvez se tornasse o único herói. Como o chute vai para fora, a Copa passa realmente a ser de todos, foi uma valorização geral — explica Andrea Taffarel.
Na casa do ex-goleiro, em Porto Alegre, são guardadas várias relíquias na sala de troféus. Um boneco do Striker, mascote da Copa de 1994, e uma placa com um pedaço do gramado do Estádio Rose Bowl, a chave de um carro que ganharam todos os campeões e, claro, a medalha de ouro.
O goleiro ainda disputou sua terceira Copa do Mundo em 1998. Nas semifinais, diante da Holanda, pegou os pênaltis de Phillip Cocu e Ronald de Boer e garantiu a Seleção Brasileira em uma nova decisão. Neste jogo, tornou-se personagem de outro bordão inesquecível de Galvão Bueno: "Sai que é sua, Taffarel".
A derrota para a França na decisão de 1998 foi a última partida de Taffarel pela Seleção Brasileira. Com 18 jogos, nenhum goleiro defendeu mais o Brasil em Copas. Ele também é o único atleta que nunca foi substituído. E apenas o gaúcho foi campeão defendendo um pênalti em mundial.
Em campo em 1990, 1994 e 1998, Taffarel foi observador técnico de Dunga em 2010 e também preparador de goleiros em 2018. Rumo à sexta Copa, é expectativa para os brasileiros, agora cuidando dos treinamentos de Alisson, Éderson e Weverton. Para sua família, um orgulho. Vivências e glórias do passado em busca do hexa.