Nunca se transmitiu tanto futebol nos meios de comunicação. Mesmo assim, o fascínio pela Copa do Mundo se mantém. A cada quatro anos um espetáculo transcultural une, alegra, enche de esperança e muda rotinas de pessoas, cidades, países, continentes... Enfim, muda o Mundo por um punhado de dias. Esse show que converge olhares está, nesta sexta-feria (12), a 100 dias de distância.
A Fifa anunciou na quinta-feira (11) que a partida de abertura do torneio será em 20 de novembro, um domingo, e não mais no dia 21, uma segunda. Portanto, agora falta uma centena de dias para o início do Mundial. A mudança faz com que o jogo inaugural seja disputado pela seleção da casa.
A antecipação ocorre em razão da tabela inicial ter Holanda x Senegal como as primeiras equipes a entrarem em campo, às 7h (de Brasília) do dia 21, pelo Grupo A. Agora, holandeses e senegaleses se enfrentarão às 13h do mesmo dia, um horário de maior audiência na Europa e na África.
O fulgor em torno das Copas não desaparece porque a cada quatro anos as expectativas do que vai acontecer dentro e fora de campo se renovam. Como será o primeiro Mundial no Oriente Médio? O que resultará do choque de culturas em um país conservador e de dimensões reduzidas como o Catar?
Riqueza
Até aqui, parte da queda de braço foi vencida pelos catari. Pela primeira vez os jogos serão disputados no final do ano para fugir do calor escaldante do deserto. Em campo, a mudança significa que os principais jogadores estarão mais descansados. Deixam de jogar o torneio ao término da temporada europeia com 40, 50, 60 jogos nas costas, para carregarem nas pernas o peso mais leve de cerca de 20 partidas disputadas na temporadas.
Outra vitória dos anfitriões sobre a Fifa foi em relação ao consumo de bebidas alcoólicas, que será proibida nos estádios. Fora deles, o consumo será limitado.
O que já foi descortinado sobre a Copa até aqui reforça o esteriótipo de que o Catar é um local rico e luxuoso. Economia foi uma palavra que não fez parte do vocabulário dos árabes durante os 12 anos de preparação para receber o evento.
Precisam-se de estádios? Oito deles estão entregues. Sete deles já inaugurados. O Estádio Lusail abrirá suas portas oficialmente em 9 de setembro — mas na quinta-feira (11) ocorreu o primeiro evento-teste. Tem de ter muitos hotéis para receber mais de um milhões de turistas? Sem motivo para pânico. Mais de cem foram erguidos nos últimos anos. Era necessário uma cidade nova? Claro que mão, mas os donos da casa optaram por ostentar – afinal, qual país-sede não quer se exibir? Ao custo de mais de 50 bilhões de dólares, Lusail será apresentada ao mundo como uma cidade inteligente com pretensão de apresentar soluções para problemas enfrentados por grandes metrópoles.
Despedidas
Se a Copa se une ao mundo árabe pela primeira vez, nesta edição ela se despede do formato com 32 seleções – em 2026 serão 48 equipes e três países-sede (Estados Unidos, Canadá e México). Possivelmente também será o adeus dela para Lionel Messi, Cristiano Ronaldo e, por que não, para Tite.
Seis anos depois de ser contratado para evitar que o Brasil ficasse fora da principal competição do futebol pela primeira vez, ele anunciou que deixará a Seleção Brasileira com ou sem hexa. Será a segunda tentativa dele de ajudar a bordar a sexta estrela na amarelinha. Se o país passar em branco mais uma vez, alcançará novamente os 24 anos sem título, como aconteceu entre 1970 e 1994.
A partir de 20 de novembro, 832 jogadores correrão atrás da bola e da chance de colocar as mãos na Copa do Mundo. Uma pena para quem vai perder toda a diversão, como os italianos, ausentes pela segunda vez seguida. A Copa do Catar vai ser tudo isso e faltam 100 dias para começar.