
Enquanto os gritos dos torcedores não invadem o Catar, a trilha sonora pelos caminhos que a Copa do Mundo de 2022 percorrerá em Doha e adjacências é formada pelo tilintar dos metais, os estalidos dos martelos, o ronco das escavadeiras, o murmúrio das betoneiras e o bramido das furadeiras. O burburinho vem das obras de infraestrutura que ainda estão em andamento no país-sede. Nada que preocupe para a disputa dos jogos entre 21 de novembro e 18 de dezembro.
A estrutura para receber turistas e seleções, de maneira geral, está pronta. O estádio de Lusail é único entre os que receberá partidas do torneio e que ainda não teve bola rolando, o que não significa que haja um empecilho. A arena abrirá suas portas pela primeira vez em 9 de setembro, quando o Al Hilal, atual campeão da Liga Saudita, e o campeão nacional do Egito terão a honra de participar da inauguração — o representante egípcio ainda será definido. Mas obras menores, aquelas que atrapalham o dia a dia de uma cidade, como os brasileiros bem sabem, estão em andamento.
Não há correria ou preocupação, entretanto há pressa. Com as arenas prontas para abrigar o evento e Lusail, cidade inteligente construída ao custo de 51 bilhões de dólares (R$ 269 bilhões) praticamente erguida em sua totalidade, o foco está na melhoria de serviços que no futuro facilitarão a vida dos moradores, além de ajudar os mais de um milhão de visitantes a terem uma experiência completa pelos 28 dias de confrontos. Os esforços estão destinados ao sistema de esgoto, aprimoramento das calçadas e do paisagismo, além de pavimentação de ruas e substituição de luzes.
— A cidade respira futebol. Ainda há muitas construções. A cidade está em obra. Estão melhorando acessos e avenidas. As ruas estão sendo embelezadas. Eles querem mostrar o Catar para o mundo — explica o advogado Celio Armando Janczeski, que esteve no país no fim de julho.
As obras estão em ritmo acelerado para serem entregues a tempo à Autoridade de Serviços Públicos do Catar. Uma das razões para ter de aumentar o ritmo a pouco mais de três meses da abertura da Copa foi a pandemia. Algumas das empresas contratadas para realizar as obras chegaram a ficar desfalcadas de centenas de funcionários simultaneamente no auge da Covid-19. Para recuperar o tempo perdido, a sinfonia de uma construção atravessa as noites árabes.
Acomodação e transporte
Os alojamentos para receber os torcedores devem ser entregues em setembro. Há no momento, 100 mil habitações disponíveis. A meta é atingir um número entre 130 mil e 140 mil. Nos sites da Fifa e da Copa do Catar há uma área para se cadastrar e locar acomodações para passar durante a copa.
— Se visitarem nossa plataforma oficial, encontrarão muitas opções. Se não encontrarem hoje, verifiquem amanhã, depois de amanhã ou mais tarde, porque de vez em quando adicionamos mais opções — declarou, em junho, Omar Al-Jaber, responsável pelo setor de hospedagens do Comitê Organizador da Copa do Mundo do Catar.
A plataforma oferece alojamentos (apartamentos, vilas, acampamentos, cruzeiros) com valores a partir de 300 riales cataris (R$ 430) a diária. Durante o período do Mundial, mais de 160 voos diários pousarão ou partirão de Doha.
Enquanto a Copa do Mundo estiver em disputa, somente visitantes com ingressos poderão ingressar no país.
Segurança multinacional
O sistema de segurança se tornou um dos maiores custos para a realização de grandes eventos esportivos. O desafio se torna ainda maior no Catar, um país pequeno em que a maior distância entre os estádios será de meros 70 Km. As dimensões geográficas reduzidas fazem com que os torcedores fiquem concentrados em um espaço pequeno, aumentando a chance de confusões.
Outro agravante é que alguns dias terão quatro partidas, aumentando o número de pessoas circulando pelo país. Para evitar problemas em relação ao tema, os catari buscaram alianças com especialistas no assunto.
O policiamento anti-terrorista será provido pela marinha e força aérea britânicas. A tarefa será vigiar o espaço aéreo do Catar. O Ministério da Defesa britânico, de acordo com o jornal The Telegraph, fornecerá apoio militar para combater o terrorismo e outras ameaças ao torneio através de segurança marítima, planejamento operacional e apoio de comando e controle.
Também foram realizados treinamentos contra ameaças químicas, biológicas, radiológicas e nucleares. Essa área de proteção contou com a colaboração da Eslováquia e da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Já os romenos ofereceram sua expertise em relação à proteção de convidados VIPs.
A Turquia ajudará com o envio de um alto número de policiais. O país euro-asiático anunciou em janeiro que mandará 3.250 pessoas para colaborar na segurança. A maioria delas composta por agentes especializados na contenção de tumultos. Também serão fornecidos integrantes das forças especiais, cães farejadores especializados na detecção de bombas e especialistas em bombas.





