Cinco anos depois do último jogo em Pernambuco, a Seleção volta ao estado nordestino nesta quinta-feira (9), para enfrentar o Peru, a partir das 21h30min, pela oitava rodada das Eliminatórias para a Copa do Mundo do Catar. Será a 11ª partida do Brasil na região metropolitana da capital pernambucana Recife, onde o time nunca perdeu. Em 2016, também pela fase que classifica para a Copa, os comandados por Dunga empataram em 2 a 2 com o Uruguai, com direito a gol de Douglas Costa e mais de 44 mil pessoas presentes.
Desta vez as situações extracampo começam com a tentativa de receber público no estádio, e passam pela investigação que a Fifa abriu envolvendo a CBF. A entidade maior do futebol mundial quer saber mais sobre as circunstâncias que levaram a Anvisa a interromper o último jogo, contra a Argentina, no domingo, na Arena Corinthians. Ainda com presidente interino, a CBF tentou repetir a possibilidade de levar 1,5 mil convidados para as arquibancadas no duelo contra o Peru, mas a Federação Pernambucana de Futebol (FPF) não obteve a liberação do governo pernambucano.
— A decisão justa é respeitar as leis. A saúde das pessoas é mais importante — pontuou o técnico Tite, em entrevista coletiva na véspera, depois de confirmar a repetição da equipe que foi titular contra a Argentina:
— Nosso enfoque é ter e dar aos atletas treinos parecidos com os que eles têm no clube, para produzir bem na seleção. É melhorar a capacidade criativa, manter a solidez defensiva, e manter a vitória e os bons desempenhos, inclusive dando tranquilidade aos mais jovens. É melhor olhar para estes aspectos positivos do que ficar lamentando os negativos — comentou o treinador.
O experientes Daniel Alves, baiano, e Hulk, paraibano, voltam à região pela primeira vez com a camisa da Seleção desde que retornaram ao futebol brasileiro. Além deles, Matheus Cunha, também paraibano, fará seu primeiro jogo com a amarelinha na região.
Nenhum dos três nordestinos, no entanto, deve iniciar a partida contra o Peru. Tite repetirá os titulares: Weverton, Danilo, Lucas Veríssimo, Éder Militão e Alex Sandro; Casemiro, Gerson, Lucas Paquetá e Everton Ribeiro; Neymar e Gabriel.
A volta para Recife
Em 2016, na última vez que a Seleção jogou em Pernambuco, o paraibano Matheus Cunha, 22 anos, já havia deixado o nordeste do país para atuar pelas categorias de base do Coritiba. Antes disso, no entanto, ele treinou entre 2012 e 2015 no time FC Barão, em Pernambuco, que fica a 100 km de sua cidade natal João Pessoa, no estado vizinho. Para este retorno, em 2021, na primeira convocação para a Seleção principal, o atacante esperava receber o apoio dos torcedores nas arquibancadas.
— Partiu para o meu Recife. Triste em saber que os políticos não liberaram uma quantidade de público mesmo com todos os cuidados sanitários. Sei do calor do nosso povo nordestino e seria imenso ver isso nas arquibancadas — lamentou o medalhista olímpico, nas redes sociais, ainda na terça-feira (7):
— Apesar de tudo, ter nossa seleção no nordeste e fazer parte disso é de muito orgulho. Vamos com tudo, meu Brasil — complementou Matheus Cunha.
Assim como em Porto Alegre, a calçada do hotel onde a seleção está hospedada em Recife recebeu dezenas de torcedores a cada deslocamento da delegação. Segundo a reportagem do site Uol, houve aglomeração na saída da equipe para o treino realizado na tarde de quarta-feira (8). Com isolamento garantido pela polícia militar, Matheus Cunha arremessou um boné aos torcedores, e Tite, uma camiseta.
— Chegar meia noite e meia ao hotel e ter torcedores demonstrando carinho verdadeiramente, tendo na seleção o que ela representa. Ela está acima de jogar bem ou mal, é a essência do carinho do torcedor. Vejo essa característica desde a eliminação na Copa (de 2018). Atleta, técnico, comissão, todos seres humanos. Temos sentimentos, sim, e é claro que ficamos mais à vontade. Gostaríamos de ter público no estádio, mas a saúde vem antes — reforçou Tite.