A Seleção anexou o Tartaristão. Ou pelo menos a capital dele. A delegação chegou a Kazan com uma festa em alto e bom som, embalada pelos cânticos do Movimento Verde e Amarelo, um grupo criado por cerca de 15 universitários paulistas para a Copa de 2010 e que decolou aqui na Rússia.
Cerca de uma hora antes da chegada da delegação, uma grande concentração de brasileiros tomava a esplanada diante do Mirage Hotel. O hit dos brasileiros nesta Copa fazia a torcida pular. Mas havia coreografia prévia.
Um dos líderes pedia a todos que se agachassem. Ao som das batidas no surdo, começava o “58 foi Pelé, 62 foi o Mané...”. Quando chegavam no refrão, todos pulavam como se estivessem no Carnaval de Salvador.
A recepção à Seleção tem se repetido em todas partidas. Mas, a cada vitória, o calor e a energia aumentam. No último jogo, o meia Renato Augusto se emocionou. Em Kazan, os jogadores quebraram o protocolo e foram ao encontro dos torcedores, passando diante deles com celulares em punho e agradecendo pela recepção.
De longe, os belgas Cedric schatteman e Brecht Van Durme assistiam admirados à festa.
— É demais a energia da torcida brasileira, típica dos latino-americanos - disse Cedric, apostando que, se houver um milagre, sua seleção terá alguma chance.
Mais abaixo, um grupo de mato-grossenses lamentava a churrasqueira desmontável desativada, com carvão e dois cortes picanha em cima. Os policiais russos foram rápidos e intervieram quando o primeiro fósforo foi riscado próximo do carvão.
O churrasco ficou para a sacada do apartamento que alugaram. Mesmo assim, nada de lamentações. A energia estava tão alta que até as russas com roupas típicas tártaras saíram do calçadão em que cobram para tirar fotos com turistas para cair na folia.
Os jogadores espiaram mais um pouco das janelas dos seus quartos. Ouviram o nome de cada um ser entoado. Gabriel Jesus, por exemplo, tem música especial:
— Glória, gloria, aleluia, Gabriel Jesus.
Depois disso, a torcida se dispersou. Cantando, é claro: “58 foi Pelé, 62 foi o Mané...”