Às vésperas da Copa do Mundo, o técnico Tite teve a pior baixa em sua equipe desde que assumiu o comando técnico da Seleção Brasileira, em 2016. Com uma lesão no joelho direito, o lateral Daniel Alves ficou de fora da lista de jogadores que defendem as cores do país no Mundial da Rússia.
Mais do que uma referência técnica em campo, Tite perdeu um líder — e o favorito para assumir a braçadeira de capitão na competição. Com isso, iniciou-se um rodízio: na primeira rodada, o escolhido foi Marcelo. Seus sucessores foram Thiago Silva e Miranda, respectivamente. Ainda não se sabe quem receberá a missão diante do México, na segunda-feira (2) — os mais cotados são Neymar, Paulinho e Alisson.
Mas, afinal, como foram Marcelo, Thiago Silva e Miranda enquanto capitães?
Marcelo (capitão contra a Suíça)
Embalado pelo quarto título da Liga dos Campeões com o Real Madrid, o terceiro consecutivo, o lateral-esquerdo foi o escolhido para exercer a função na estreia contra a Suíça. E não foi bem. Tecnicamente, não conseguiu apresentar o desempenho que o credencia como melhor jogador da posição no mundo, titular há 10 anos do clube mais vitorioso do planeta.
Como líder, não se mostrou muito comunicativo — conversou pouco com os companheiros e, principalmente, com a arbitragem. Decididos a parar Neymar a qualquer custo, os suíços encontraram nas pancadas uma forma de reduzir o impacto do principal atleta brasileiro dentro da partida. Ao todo, foram 10 faltas em cima de Neymar, número que não era registrado desde a Copa de 1998, em um jogo entre Inglaterra e Tunísia. Marcelo, na figura de líder, pouco fez para tentar coibir o comportamento do adversário.
Thiago Silva (capitão contra a Costa Rica)
Pouco antes da Copa começar, Thiago Silva não tinha nem a titularidade garantida no time de Tite. Surpreendeu quando o treinador anunciou que o zagueiro do Paris Saint-Germain seria capitão na segunda rodada, poucos dias após o frustrante empate contra a Suíça. A imagem do choro descontrolado do defensor durante a disputa de pênaltis contra o Chile, em 2014, quando chegou a pedir para não bater, e o pênalti que custou a eliminação da Seleção na Copa América do ano seguinte ainda seguem na memória do torcedor brasileiro.
Dos três capitães que o Brasil teve até aqui, Thiago Silva foi o que entrou em campo mais pressionado. E foi bem, diga-se de passagem. Na defesa, ganhou a maioria das disputas pelo alto e se mostrou seguro a cada investida dos costa-riquenhos no campo de ataque. Esteve tranquilo mesmo nos momentos mais críticos da partida, como quando o árbitro voltou atrás após assinalar pênalti de um defensor adversário sobre Neymar.
— A decisão foi tomada, ele não vai mudar. Isso só vai agravar com cartão amarelo. Nessas horas, a gente tem que ter tranquilidade para saber falar, por mais que a cabeça esteja quente — disse, após o jogo, destacando que havia pouco tempo de jogo e a equipe precisava correr atrás do gol.
Contra a Sérvia, já não estava com a braçadeira, mas novamente foi um dos melhores em campo e liderou o sistema defensivo. E ainda achou tempo para ir lá na frente marcar o seu.
Miranda (capitão contra a Sérvia)
Parceiro de Thiago Silva na zaga, Miranda foi o escolhido para o confronto decisivo contra a Sérvia. Assim como o colega, assumiu com naturalidade o papel. A falha no único gol sofrido pelo Brasil no torneio não pareceu tê-lo afetado, tanto que cresceu tecnicamente ao longo da competição. Fruto de uma carreira vitoriosa, com passagem por grandes clubes — foi tricampeão brasileiro jogando pelo São Paulo, ajudou o Atlético de Madrid a vencer um Campeonato Espanhol após 18 anos na fila e hoje defende a Inter de Milão.
Se no passado Thiago Silva foi criticado por ser considerado emocionalmente despreparado, Miranda apresenta outro perfil. É calado, sério o tempo inteiro e, em muitos momentos, faz a linha de defensor que não parece gostar mesmo de abrir a boca. Talvez seja justamente esse estilo que o coloque na condição de líder por onde passa. É respeitado por jogadores e treinadores do mundo inteiro e, se for eleito para o posto em definitivo, não será nenhuma injustiça.