Em inglês, "Goat" significa bode. Mas a sigla GOAT (greatest of all time) também é usada para designar o maior de todos os tempos. Por isso, Lionel Messi posou para a capa da revista americana Paper recentemente com um bode no colo. Nesta Copa do Mundo, Cristiano Ronaldo pode ter feito uma referência provocativa ao deixar o cavanhaque crescer e comemorar um gol esfregando o queixo.
Depois da vitória de Portugal sobre o Marrocos nesta quarta-feira (20), o atacante do Real Madrid negou qualquer tom provocativo — disse que era apenas uma brincadeira interna com Quaresma. Mas a polêmica entre os maiores craques da atualidade foi lançada. Por isso, o GaúchaZH relembra outras grandes confusões, brigas e tretas que marcaram a história dos Mundiais.
1930 — A polêmica da bola entre rivais sul-americanos
A primeira final da história da Copa do Mundo teve espaço para uma briga entre uruguaios e argentinos. Naquela época, ainda praticamente amadora, não havia uma bola oficial do torneio. Por isso, cada time queria usar uma bola na decisão. Depois de algumas discussões, as seleções entraram em acordo: a final seria jogada com uma bola por tempo. No fim, o Uruguai venceu por 4 a 2 e ficou com o primeiro título mundial da história.
1954 — Briga que extrapolou as quatro linhas
As quartas de final de 1954 entre Brasil e Hungria eram vistas como uma final antecipada. Por isso, houve um clima tenso e de rivalidade antes e durante o jogo. Os húngaros venceram por 4 a 2, mas as brigas entre jogadores foram apenas um dos fatores. Teve jornalista brasileiro brigando com um policial suíço, o craque Puskás estava fora do jogo, mas deu uma garrafada no zagueiro Pinheiro, e o técnico Zezé Moreira atirou uma chuteira no rosto do ministro húngaro Gustav Sebes. O mais incrível: ninguém foi punido. A Hungria passou, mas a teoria da final antecipada caiu por terra. O título terminou na mão dos alemães.
1962 — O tempo de 72 minutos
Chile e Itália brigavam pelo segundo lugar do Grupo 2 na Copa de 1962. O duelo foi brigado durante todo o tempo. A disputa foi tão intensa que o primeiro tempo durou 72 minutos. Leonel Sánchez acertou um soco em Humberto Machio e não foi advertido. Depois, Mario David deu uma voadora em Sánchez e foi expulso, desencadeando a confusão.
1966 — Ingleses vs. sul-americanos
Os brasileiros suspeitavam antes da Copa que havia uma conspiração inglesa para que os donos da casa vencessem a Copa — e impedissem um tricampeonato consecutivo do Brasil. Quando a BBC enviou uma equipe para acompanhar um treino da Seleção, os brasileiros suspeitaram de espionagem e chegaram a agredir os membros da imprensa europeia.
Ingleses também brigaram com argentinos durante a Copa. Rattín foi expulso, o que desencadeou a ira dos argentinos. Teve agressão ao árbitro, jogador argentino urinando no túnel a caminho do vestiário e cusparada no rosto do então vice-presidente da Fifa, o inglês Harry Cavan.
1966 — Caça a Pelé
O jogo entre colonizadores e colonizados teve um clima de violência. Pelé recebeu muitas faltas e terminou o jogo machucado após entradas de Morais. Como na época não havia a possibilidade de substituições, o craque brasileiro terminou em campo apenas para fazer número. Os portugueses venceram por 3 a 1, e o Brasil acabou eliminado na primeira fase.
1978 — Um argentino com outra camisa
O goleiro Ramón Quiroga foi um dos nomes mais polêmicos da Copa de 1978. Na segunda fase, que era de grupos, o empate entre Brasil e Argentina fez com que os rivais sul-americanos tivessem que disputar a vaga na final da Copa no saldo de gols. Na rodada final, a Argentina entrou em campo precisando vencer o Peru por 4 a 0. Fez seis e garantiu a classificação. O detalhe que gerou suspeitas: Quiroga, o goleiro do Peru, era argentino de Rosário e naturalizado peruano. Na final, a Argentina bateu a Holanda por 3 a 1, na prorrogação, e o título dentro do campo rendeu um suporte publicitário à ditadura militar no país.
1990 — A água batizada de Maradona
A Argentina venceu o Brasil por 1 a 0 nas oitavas de final da Copa de 1990. Mas o jogo ganhou ares polêmicos 15 anos depois, quando Maradona revelou em seu programa de TV ter dado água "batizada" a jogadores brasileiros. O craque disse que o massagista argentino entrou em campo distribuindo garrafas d'água. Como forma de suposta gentileza, ofereceu uma ao lateral-esquerdo brasileiro Branco. Mas a garrafa dada ao rival teria sonífero. O gaúcho passou mal momentos depois. A Argentina caminhou até a final, mas foi derrotada pela Alemanha por 1 a 0.
1990 — A cusparada em Völler
Antes de ser um técnico bem-sucedido no Barcelona, o holandês Frank Rijkaard se envolveu em um lance muito polêmico na Copa de 1990. Nas oitavas de final, o atacante deu uma cusparada em Rudi Völler. Acabou expulso e prejudicou a sua seleção, que perdeu por 2 a 1 e foi eliminada.
1994 — O fim da Copa para Leonardo
O lateral-esquerdo brasileiro Leonardo viu a sua Copa do Mundo terminar em 1994 logo nas oitavas de final. No duelo com os Estados Unidos, o jogador deu uma cotovelada que ocasionou uma fratura no maxilar de Tab Ramos. Como consequência, Leonardo foi expulso, suspenso por quatro jogos e ficou de fora do resto da campanha brasileira a caminho do tetra. No fim das contas, Branco virou titular e foi decisivo ao marcar um golaço de falta no jogo seguinte, contra a Holanda.
2002 Kahn/Ronaldo e Rivaldo
Ronaldo e Rivaldo eram os grandes craques da Seleção durante a campanha na Coreia do Sul e no Japão. Mas o goleiro alemão Oliver Kahn estava confiante antes da final:
— Eles são muito bons jogadores, mas isso não é nada de novo para mim. No Bayern de Munique, eu jogo semanalmente contra os melhores atacantes do mundo. Eu os respeito muito, mas eles ainda têm de mostrar que podem me superar.
Pois bem, Kahn falhou e permitiu o gol de Ronaldo que abriu caminho para o pentacampeonato brasileiro. O alemão desafiou... e foi superado.
2006 — A cabeçada de Zidane em Materazzi
A grande cena da Copa do Mundo de 2006 foi a inesquecível cabeçada de Zinedine Zidane no peito de Materazzi. O lance acabaria por ser o último da carreira do francês, que se aposentou após a Copa. Os italianos mantiveram o jogo empatado e venceram o Mundial nos pênaltis. Depois, as alegações eram de que Materazzi havia feito provocações de nível familiar para tirar Zidane do sério.
2010 — De Jong em Xabi Alonso
A final de 2010, assim como o Mundial anterior, teve uma agressão que gerou expulsou. De Jong deu uma pancada em Xabi Alonso e levou o cartão vermelho. A Espanha aproveitou o fato de ter um jogador a mais, fez o gol na prorrogação com Iniesta e garantiu o seu primeiro título mundial.