Uma mistura de promessas da geração 1992 e cascudos escolados pelo fracasso de 2014 forma o DNA da Seleção Brasileira na Copa de 2018. Tite, talvez sem perceber, montou um time que chega à Rússia com um Mundial chicoteado nas costas mesclado por jovens com ficha dourada nos arquivos das categorias de base da CBF.
O melhor exemplo dessa carga genética verde e amarela está em Alisson, Casemiro, Neymar e Philippe Coutinho. O quarteto estava junto no Mundial Sub-17, em 2009, na Nigéria. Naquela ocasião, a seleção caiu na primeira fase, em uma das campanhas mais fracas da base até hoje, mas as promessas da época se confirmaram. Coutinho, Neymar e Alisson, aliás, jogam juntos pela seleção há uma década. O trio recebeu junto a primeira convocação em fevereiro de 2008. Tinham ainda 15 anos e conquistaram a Copa Internacional Mediterrâneo, em Barcelona.
– A gente teve essa experiência de crescer juntos na base da Seleção, de ter identificação um com o outro e com a camisa. Ajuda muito nesses momentos (pré-Copa). Tanto que o Neymar e o Coutinho têm uma relação muito próxima há muito tempo. O que torna a história ainda mais bonita – recorda-se Alisson.
Os próprios jogadores valorizam a química criada por Tite, de juntar jovens com folha corrida nas seleções de base com veteranos. A aposta é de que a junção da experiência em uma Copa com a vitalidade madura de jogadores na casa dos 25 anos deixou a Seleção vacinada para encarar o desafio na Rússia.
– Com certeza, hoje estamos no momento perfeito, somos jovens com muita disposição e também com uma certa rodagem jogando Libertadores e Liga dos Campeões. Chegamos com uma bagagem. A Seleção tem os mais experientes, nós, jovens com alguma experiência, e os mais novos, começando a carreira. Todos em alto nível. Isso é o mais importante para a gente para fazer uma bela campanha – reforça o goleiro.
O mais jovem, no caso, é Gabriel Jesus, 21 anos, o caçula em todos os sentidos. O centroavante ascendeu como um foguete em 2016 ao brilhar na Olimpíada e emendar com a estreia cheia de gols no time de Tite. O outro caso fora da curva nesta Seleção é o de Miranda, um dos líderes e o mais velho do grupo, ao lado de Thiago Silva e Fernandinho, com 33 anos. O zagueiro nunca passou por qualquer seleção de base. Estreou direto na principal.
Em todo o grupo, apenas outros quatro jogadores tiveram a mesma trajetória de Miranda: Geromel, Taison, Paulinho e Firmino nunca foram chamados para seleções de base. Firmino até foi chamado uma vez, para a sub-20, mas o Hoffenheim, time que defendia na época, não o liberou.
Todos os demais convocados tiveram experiências nas seleções de base. Fernandinho, aliás, teve entre os guris e também na Copa de 2014. Sua folha corrida é grande. Começa pelo gol que deu ao Brasil o título do Mundial Sub-20 de 2003, contra a Espanha. Do outro lado, de vermelho, estava Iniesta, esse uma prova de que apostar na base e depois extrair a experiência desses jogadores na seleção é o meio caminho para o sucesso.
A FOLHA CORRIDA
Alisson - Faz parte de seleções de base desde os 15 anos, assim como Neymar e Coutinho.
Ederson - Saiu cedo do Brasil, aos 16 anos, para jogar em clubes pequenos de Portugal. Foi convocado pela primeira vez aos 21 anos, para a seleção pré-olímpica.
Cássio - Fez parte da seleção sub-20 no Sul-Americano e no Mundial, dm 2007. Na época, ganhou a posição de Muriel, irmão de Alisson.
Thiago Silva - É o mais rodado da Seleção. Vai para a terceira Copa do Mundo e esteve em duas Olimpíadas (Pequim 2008 e Londres 2012).
Miranda - Nunca esteve nas seleções de base e, aos 33 anos, faz a estreia em uma Copa.
Marquinhos - Foi convocado para seleções de base, mas outro que saiu cedo do país. Em 2013, foi chamado para o Sul-Americano, mas a Roma não o liberou.
Geromel - Saiu com 17 anos do Brasil e fez carreira na Europa. Só passou a ser reconhecido ao ser garimpado pelo Grêmio no Mallorca-ESP, em 2014.
Danilo - Fez parte da seleção sub-20 campeã sul-americana, ao lado de Neymar, e mundial, ao lado de Coutinho, em 2011.
Fagner - Esteve na mesma seleção sub-20 de Cássio no Sul-Americano de 2007.
Marcelo - É outro da seleção sub-20 de 2007.
Filipe Luís - Participou do Mundial sub-20 em 2005. Logo depois, foi vendido pelo Figueirense para o Ajax e fez carreira na Europa.
Casemiro - Faz parte da geração 1992, ao lado de Alisson, Neymar e Coutinho. Disputou o Mundial Sub-17 ainda chamado pelo apelido, Chicão.
Fernandinho - Fez o gol do título na conquista do Mundial Sub-20 em 2003. Voltou com Mano Menezes, entre 2011 e 2012, e garantiu lugar na Copa de 2014 no último amistoso antes da convocação final.
Renato Augusto - Outro com carteirinha na CBF. Esteve na seleção sub-20 no Mundial de 2007, com Marcelo e Cássio.
Fred - Foi convocado para o Sul-Americano Sub-20 em 2013, no qual a seleção ficou de fora da fase final e do Mundial.
Willian - Mais um que esteve na seleção sub-20 de 2007.
Philippe Coutinho - Tem uma década de Seleção Brasileira, apesar dos 26 anos completados ontem.
Neymar - Assim como Coutinho e Alisson, vive a seleção desde os 15 anos.
Douglas Costa - Faz parte de seleções de base desde os 15 anos. Em 2009, esteve no Sul-Americano e no Mundial Sub-20.
Taison - É um dos cinco que tiveram a primeira convocação direto na principal.
Gabriel Jesus - O caçula despontou na seleção na conquista do ouro, na Rio 2016.
Firmino - Foi convocado para o Mundial Sub-20 de 2011, mas o Hoffenheim, seu clube na época, não o liberou. Assim, estreou direto na principal.