O clima patriótico que toma conta dos povos durante a Copa do Mundo não faz sentido, necessariamente, para todos os 32 países envolvidos no torneio. Enquanto o Brasil, por exemplo, tem 100% do elenco nascido no país, várias outras seleções contam com legiões de estrangeiros. A identidade tem muito mais a ver com a ascendência do que com o local de nascimento para vários atletas que formarão bases de seleções na Rússia.
O exemplo mais extremo é a seleção de Marrocos. Dos 23 convocados, apenas seis nasceram no país do noroeste africano. São 17 naturalizados — oito franceses, cinco holandeses, dois espanhóis, um canadense e um belga. O projeto marroquino de correr atrás de estrangeiros surgiu a partir do sucesso da Argélia, que carregou a seleção de franceses de ascendência argelina na Copa de 2014, no Brasil.
— Nós explicamos para eles que o mais importante é o espírito de equipe. Para atingir alguma coisa no futebol, se você não tem espírito de equipe, não importa de onde você vem — argumentou Hervé Renard, francês que treina a seleção marroquina, em entrevista ao New York Times.
Para alguns jogadores, a escolha é ampla. Thiago Alcântara, por exemplo, nasceu na Itália, é filho de brasileiros (Mazinho e Valéria Alcântara) e foi ainda jovem para a Espanha. Com isso, poderia optar por qualquer uma das nações. Desde jovem, sempre atuou pela Espanha — e decidiu seguir com a Fúria no nível profissional.
Nas últimas décadas, a Fifa ajustou a regra e fez com que só fosse possível defender uma seleção principal durante a carreira. Isso impede distorções como aconteceu com Mazzola, que jogou pelo Brasil na Copa de 1958 e pela Itália em 1962.
Mesmo assim, vários jogadores tratam a decisão como uma questão de oportunidade profissional. Thiago Cionek, que nasceu em Curitiba e joga desde jovem na Europa, escolheu defender a Polônia porque entendeu que teria poucas chances de representar o Brasil. Diego Costa teve a chance de jogar por Brasil ou Espanha. Optou pelos europeus.
Outros, como Fernando Muslera (argentino naturalizado uruguaio) e Gonzalo Higuaín (francês naturalizado argentino), mudaram-se ainda jovens para os países que defendem.
Veja todos os jogadores naturalizados
na Copa da Rússia:
Marrocos (tinha 2 estrangeiros em 1998, 17 agora)
Yassine Boubou (Canadá)
Achraf Hakimi (Espanha)
Monir El Kajoui (Espanha)
Manuel Da Costa (França)
Mehdi Benatia (França)
Romain Saiss (França)
Amine Harit (França)
Yousseff Ait Bennasser (França)
Khalid Boutaib (França)
Younes Belhanda (França)
Faycal Fajr (França)
Hakim Ziyach (Holanda)
Karim El Ahmadi (Holanda)
Mbark Boussoufa (Holanda)
Noureddine Amrabat (Holanda)
Sofyan Amrabat (Holanda)
Mehdi Carcela (Bélgica)
Tunísia
Syam Ben Youssef (França)
Yohan Benalousane (França)
Saif-Eddine Khaoui (França)
Anice Badri (França)
Wahbi Khazri (França)
Dylan Bronn (França)
Ellyes Skhiri (França)
Mouez Hassen (França)
Naim Sliti (França)
Suíça
Francois Moubandje (Camarões)
Breel Embolo (Camarões)
Yvon Mvogo (Camarões)
Blerim Dzemaili (Macedônia)
Gelson Fernandes (Cabo Verde)
Johan Djourou (Costa do Marfim)
Xherdan Shaqiri (Kosovo)
Valon Behrami (Kosovo)
Senegal
Abdoulaye Diallo (França)
Kalidou Koulibaly (França)
Salif Sané (França)
Moussa Sow (França)
Alfred N'Diaye (França)
M'Baye Niang (França)
Lamine Gassama (França)
Youssouf Sabaly (França)
Keita Baldé (Espanha)
Portugal
Anthony Lopes (França)
Raphael Guerreiro (França)
Adrien Silva (França)
Cédric Soares (Alemanha)
Pepe (Brasil)
William Carvalho (Angola)
Gelson Martins (Cabo Verde)
Sérvia
Alesksandar Prijovic (Suíça)
Milos Veljkovic (Suíça)
Milan Rodic (Bósnia e Herzegovina)
Luka Jovic (Bósnia e Herzegovina)
Milinkovic-Savic (Espanha)
Nigéria
William Ekong (Holanda)
Tyronne Ebuehi (Holanda)
Bryan Idowu (Holanda)
Leon Balogun (Alemanha)
Croácia
Dejan Lovren (Bósnia e Herzegovina)
Vedran Corluka (Bósnia e Herzegovina)
Mateo Kovacic (Áustria)
Ivan Rakitic (Suíça)
Espanha
Diego Costa (Brasil)
Rodrigo (Brasil)
Thiago Alcântara (Itália)
Islândia
Frederik Schram (Dinamarca)
Kari Arnason (Suécia)
França
Samuel Umtiti (Camarões)
Steve Mandanda (Rep. Democrática do Congo)
Austrália
Milos Degenek (Croácia)
Daniel Arzani (Irã)
Japão
Gotoku Sakai (Estados Unidos)
Rússia
Mário Fernandes (Brasil)
Uruguai
Fernando Muslera (Argentina)
Inglaterra
Raheem Sterling (Jamaica)
Irã
Saman Ghoddos (Suécia)
Argentina
Gonzalo Higuaín (França)
Egito
Sam Morsy (Inglaterra)
Polônia
Thiago Cionek (Brasil)
Dinamarca
Pione Sisto (Uganda)
Costa Rica
Óscar Duarte (Nicarágua)