A gentileza dos anfitriões em atender estrangeiros é uma das marcas da Copa. Homens e mulheres, jovens e idosos, de todos os gêneros e raças, se esforçam para deixar os torcedores muito à vontade. O problema é quando a hospitalidade aparece nas horas difíceis. Depois do frustrante empate do Brasil contra a Suíça, por exemplo. Em dois táxis que peguei, os motoristas chegavam a mostrar irritação com a atuação "so bad" – com sotaque carregado – da Seleção. Uma funcionária do hotel da equipe do Grupo RBS me abordou no caminho para o café da manhã:
– 1 a 1 não é tão ruim – disse, tentando diminuir meu desânimo.
Gentileza, nem sempre, ameniza a preocupação.
Brilho português
As atuações apagadas de outras estrelas, como Messi, Neymar e os alemães, fez Cristiano Ronaldo brilhar mais no país da Copa. Se as crianças russas tentavam imitar os principais concorrentes do português em peladas ou caminhando em parques, agora não tentam mais. Chutou bem? Grita "Ronaaaaldoooo". Quando dribla ou faz gol, idem. Com os três gols na estreia diante da Espanha, é claro que Cristiano Ronaldo também encanta seus compatriotas. Encontrei dois portugueses na última segunda-feira (18). Ao me identificar como brasileiro, logo veio a gozação:
— Neymar já chegou aqui na Rússia? — perguntou um deles.
Não tem como retrucar. Aceita, que dói menos.
Pode levar no avião?
Apesar de uma estrutura de transporte muito boa, a maioria das cidades da Copa não tem metrô. Exceções são Moscou e São Petersburgo, as grandes metrópoles. O carro vira a melhor opção, com veículo próprio ou táxi. A boa notícia para os russos – para os brasileiros, dá vontade de chorar – é que o combustível por aqui é bem mais barato.
Nos postos de gasolina pelos quais passei em Rostov-on-Don e Moscou, na média, o preço é de 45 rublos por litro. Uns R$ 2,66. Dá vontade de pegar um galão e levar na volta para o Brasil. É bom lembrar que a Rússia cada vez mais divide com a Arábia Saudita o controle sobre a produção mundial de petróleo. Segundo a imprensa daqui, a Copa serviu também para evoluir num acordo entre os países. Não à toa, o presidente Vladimir Putin consolou o sheik árabe Abdullah Al-Saud na goleada por 5 a 0.