Se em Porto Alegre há ainda debate sobre quem se responsabilizará pela contratação e instalação das estruturas temporárias exigidas pela Fifa para a Copa de 2014, nas outras 11 cidades-sede a questão até pode estar equacionada, mas está longe de ser resolvida.
Levantamento feito por Zero Hora mostra que apenas três capitais da Copa já lançaram editais para fornecimento dos equipamentos complementares.
Nas outras duas cidades com estádios particulares, São Paulo e Curitiba, os casos são opostos. Na capital paulista, o debate é o mesmo de Porto Alegre: a prefeitura diz que a responsabilidade é do Corinthians, enquanto o clube nega-se a ter custos extras. Na cidade paranaense, Atlético-PR, prefeitura e governo estadual firmaram acordo para dividir os gastos.
Realizaram o levantamento os correspondentes da RBS nas Capitais da Copa: Guilherme Pavarin (São Paulo), Michael Eudes (Belo Horizonte), Patrícia Bahr (Curitiba), Ana Carolina Araújo (Salvador), Davi Cavalcanti Barboza (Recife), Eduardo Gabardo (Rio), Cauê Fonseca (Brasília), Pedro Moreira (Porto Alegre).
Belo Horizonte
O governo de Minas Gerais, responsável pelo custeio e planejamento das estruturas temporárias, reaproveitará parte dos materiais utilizados na Copa das Confederações (que custaram R$ 40 milhões). Segundo a Secopa-MG, a maioria do aparato provisório necessário para o Mundial será adquirido novamente: serão reaproveitados apenas o heliponto e a estrutura de cabeamento e tecnologia de informação. O governo não divulgou data, modelo ou custo da licitação da obra.
Situação: edital não lançado
Cuiabá
A concorrência para comprar as estruturas deve ser lançada nesta semana. O governo estadual, que vai bancar as estruturas integralmente, não divulga os valores nem estimativas. A licitação será em Regime Diferenciado de Contratação (RDC).
Situação: edital não lançado
Curitiba
Se calcula um gasto de R$ 40 milhões com as estruturas temporárias, valor que será financiado pela prefeitura, por meio de concorrência pública em pregões específicos. Os primeiros editais, como a contratação de cabos para transmissão de TV, foram publicados há algumas semanas. Cerca de R$ 35 milhões são destinados às estruturas do entorno da Arena da Baixada. Nos arredores do estádio também será construído o TV Compound, com a estrutura para transmissão dos jogos pela televisão, que custará R$ 6 milhões em desapropriação e R$ 2,2 milhões para a montagem. Este valor está sendo dividido igualmente entre prefeitura, governo e clube.
Situação: primeiro edital lançado
São Paulo
O valor total das estruturas complementares ficaria em torno de R$ 70 milhões. A dois meses da entrega do estádio, Corinthians e autoridades batem cabeça ao tratar de quem pagará as contas. De acordo com o SPCopa, o comitê da prefeitura que gerencia o evento, o Corinthians é o único responsável pelas instalações. Do outro lado, Andrés Sanchéz, responsável pela coordenação do estádio, quando resolve falar do assunto com a imprensa, trata de dizer que o Corinthians não arcará com custos extras.
Para tentar minimizar a crise, a vice-prefeita, Nádia Campeão busca parcerias para diminuir os gastos do Corinthians. Ela fez convênios com o Shopping Itaquera para usar a área como estacionamento e afirmou que propriedades da prefeitura na região também serão usadas para o mesmo fim. Outra medida é usar centros de ensino como centros de voluntariado.
Situação: edital não lançado
Fortaleza
Em nota, a Secretaria Estadual da Copa afirma apenas que está em negociação com a Fifa, avaliando as reais necessidades para o evento, e que não pode fornecer mais informações porque o processo não foi concluído.
Situação: edital não lançado
Manaus
Sem definição sobre o valor final, as estruturas temporárias em Manaus serão bancadas pelo governo estadual e pelo Comitê Organizador Local, conforme a Unidade Gestora do Projeto Copa, o valor ainda não está definido e a contratação será feita por meio de licitação (ainda sem modelo definido). O projeto para a licitação está em processo de finalização.
Situação: edital não lançado
Natal
Até a noite de sexta-feira, a assessoria de imprensa da Secretaria da Copa do rio Grande do Norte não havia respondido aos questionamentos de Zero Hora sobre a situação das estruturas temporárias da Arena das Dunas.
Recife
O governo de Pernambuco vai desembolsar cerca de R$ 43 milhões para erguer as estruturas temporárias da Arena Pernambuco. A licitação teve o edital lançado no último dia 4 e ocorrerá no dia 25 deste mês em regime de pregão presencial. No ano passado, o investimento para montar estrutura semelhante foi de R$ 36,5 milhões. Em nota, a Secopa-PE afirmou:
- Sem que haja, até o momento, qualquer decisão judicial desobrigando do comprometimento assumido, não há outra alternativa ao Estado de Pernambuco se não a de realizar licitação para a contratação de empresa para a instalação das estruturas complementares.
Ao todo, R$ 36,5 milhões foram gastos com estruturas semelhantes durante a Copa das Confederações. Dessas, serão reutilizadas portões, cercas, lixeiras, cadeiras de rodas e pias.
Situação: edital lançado
Rio de Janeiro
Governo estadual ainda aguarda o desfecho da ação movida pelo Ministério Público do Rio de Janeiro contra a Fifa pedindo ressarcimento dos R$ 33,7 milhões que foram pagos por estas estruturas na Copa das Confederações. Para o Mundial, a previsão é que se gaste bem mais, em torno de R$ 50 milhões _ serão mais partidas e o trabalho vai envolver mais gente. Somente com segurança, mídia e TV se gasta 55% do valor das estruturas complementares. Em 2013, foram dezenas de contêineres e tendas na pista do estádio de atletismo Célio de Barros para que os funcionários da Fifa pudessem trabalhar. Agora, este gasto também será mais elevado. Para abater o custo total, novamente o Maracanãzinho será utilizado como base para voluntários e seguranças.
Situação: edital não lançado
Salvador
Responsabilidade do governo estadual, as estruturas complementares em Salvador durante a Copa do Mundo devem ter custo semelhante ao da Copa das Confederações: R$ 33 milhões em apoio e R$ 5,7 milhões em assentos temporários para a Arena Fonte Nova. Conforme a Secopa local, a licitação será em Regime Diferenciado de Contratação (RDC). Três contratos já foram firmados e outros três estão em processo de contratação. A expectativa é ter todos os contratos assinados até março. Ainda que afirme que algumas das temporárias utilizadas na Copa das Confederações será reutilizada, a secretaria não apontou quais serão.
Situação: edital lançado
Brasília
Após a compra das estruturas temporárias para a Copa das Confederações chamar a atenção do Ministério Público do Distrito Federal, a Coordenadoria de Comunicação para a Copa (ComCopa) admite que o modelo pode ser repetido para a Copa do Mundo. O custo das estruturas para o Mundial ainda "está em definição". Na competição de 2013, a capital federal não só gastou mais do que as demais sedes, como não realizou licitação e fez a compra por intermédio de um órgão da ONU, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). O governo local também admite reeditar a contração via Pnud, mais uma vez sem licitação.
Situação: edital não lançado