Atual campeão da Fórmula-E, piloto oficial da Audi, segundo colocado nas 24 Horas de Le Mans, ex-piloto da Fórmula-1, vice-campeão da GP2. O currículo recheado de Lucas Di Grassi mostra por que ele é uma das grandes novidades da Stock Car para a temporada 2018. E o desempenho logo nas duas primeiras corridas demonstrou isso: em Interlagos, na Corrida do Milhão, largou em segundo. E em Curitiba veio a primeira vitória, na segunda corrida da prova. O piloto do carro 11 da Hero Motorsport chega ao Velopark, para a etapa deste final de semana do campeonato, animado com a possibilidade de conseguir novos bons resultados — mas reconhece que, mesmo em segundo lugar na tabela neste momento, ainda é necessário conhecer melhor o carro da categoria brasileira.
— É meu primeiro ano, ainda tenho muito para aprender. Eu nunca tinha feito campeonatos com carros de turismo antes, é totalmente diferente dos fórmulas e protótipos. E também não conheço os circuitos — explica o paulista, sétimo colocado nos treinos livres de sexta-feira, liderados por Júlio Campos, da Prati-Donaduzzi.
Aos 33 anos, Di Grassi volta a competir no Brasil depois de 15 anos como piloto internacional. Algo que ele mantém, aliás: segue na disputa da Fórmula-E, a categoria de carros elétricos que tem atraído cada vez mais a participação das principais fabricantes de automóveis do mundo, como um dos nomes principais da equipe Audi Sports ABT.
Mesmo assim, Di Grassi decidiu voltar. A chance de correr no seu país foi um dos motivos que o fez escolher a Stock Car. O outro é doméstico: a esposa Bianca Diniz está grávida do primeiro filho do casal, e a ideia é viver com a família no Brasil.
— Quero passar mais tempo aqui, e o calendário da Stock basicamente não bate com o da Fórmula-E. Vou perder apenas uma corrida (o ePrix de Berlim, no mesmo final de semana da etapa de Santa Cruz do Sul da categoria brasileira), o que praticamente descarta qualquer chance de brigar pelo título, mas ainda não é hora de pensar nisso. Tenho que pegar o jeito ainda. Mas sigo fazendo aquilo que sempre quis, que é o sonho de qualquer piloto: ser pago para correr, fazer do automobilismo uma carreira.
Um dos pilotos mais promissores do Brasil na década passada, Lucas chegou a ter contrato com a Renault e era uma das esperanças do Brasil na Fórmula-1. Mas a passagem pela categoria foi frustrada: em 2010, defendeu a então novata equipe Virgin, que não somou nenhum ponto durante a sua existência. Por isso, o foco em outras categorias foi algo natural _ e um caminho a seguir para vários brasileiros no futuro, acredita.
— A Fórmula-1, hoje, tem apenas oito lugares para pilotos contratados. Quase todos os outros são para pilotos pagantes, ou para quem tenha conexões políticas. Não adianta você ser um grande talento: se não tiver o apoio certo no momento certo, não vai funcionar. A minha equipe era muito ruim, não havia como buscar nada. Por isso, quando saí, consegui um contrato com a Audi, tive outras chances, e até hoje tenho isso. Vai ser um caminho natural para muitos brasileiros. A Fórmula-E, hoje, tem a participação de oito montadoras, e deve aumentar nos próximos anos. Acredito que o Brasil logo terá um piloto na F-1 novamente, mas vai ser comum ver mais gente em outras categorias — conclui.
Di Grassi estará em ação neste final de semana na menor pista do calendário da Stock Car. Travado, com apenas 2,2 quilômetros, o traçado de Nova Santa Rita é considerado pelos pilotos como basicamente um circuito de rua. O que deve garantir uma disputa intensa pela vitória na parte inicial do campeonato.