Ao encasular-se na bandeira do Brasil e caminhar sob lágrimas até os boxes da Williams em Interlagos, na sua despedida em casa da Fórmula-1, Felipe Massa não imaginaria que 64 dias depois daria a volta mais rápida de um recém-aposentado.
Aos 35 anos, o brasileiro que mais perto chegou do título desde Ayrton Senna voltou. Não foi por dinheiro, mas pela oportunidade de, após nove anos, ser o piloto número 1 de uma escuderia.
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A última vez que Massa teve esse status foi em 2008, quando foi vice-campeão em casa após perder o título em casa, dolorosamente, a 500 metros da bandeirada. No ano seguinte, sofreu um grave acidente na Hungria e, de 2010 a 2013, virou coadjuvante de Fernando Alonso.
_ Voltar para ajudar a dar estabilidade e experiência para levar as coisas adiante em 2017 foi algo que me pareceu certo fazer. (Também) Fiquei tocado pela reação de muitos fãs, que me queriam de volta _ explicou Felipe.
O retorno ainda atende a interesses comerciais da Williams e à pressão por ter um brasileiro no grid, já que Felipe Nasr foi preterido pela Sauber. O contrato é por uma temporada, mas se uma aposentadoria foi revista, por que o acordo não pode ser renovado se os resultados vierem?
As chances de voltar a lutar por vitória são remotas, mas vale lembrar que, na última grande mudança no regulamento da F-1, em 2014, a Williams saiu de antepenúltimo para o terceiro lugar de construtores.
– Felipe nos dá estabilidade, experiência e talento para nos ajudar a evoluir. Ter ele é uma grande conquista – resumiu a chefe da escuderia, Claire Williams.
A seguir, veja cinco motivos que levaram Massa a reconsiderar a aposentadoria
1) A aposentadoria surpresa de Nico Rosberg
Ao escolher Valtteri Bottas, a Mercedes fez a Williams sair em busca de alguém experiente e capaz de liderar o time quando o mercado de pilotos já estava fechado. Massa foi a bola de segurança.
2) Oportunidade de ser piloto número 1 da Williams
O companheiro de Massa será Lance Stroll, novato canadense de 18 anos. Com uma experiência de 14 temporadas na categoria, Massa comandará a equipe, condição que não teve entre 2014 e 2016 ao lado de Bottas.
3) Mudança brusca no regulamento da Fórmula-1
As alterações buscam mais a aerodinâmica e menos as unidades de potência, o que tende a reduzir a diferença de desempenho entre os times e embaralhar o grid. Na última vez que isso ocorreu, a Williams saiu de antepenúltima para terceira colocada no mundial de construtores.
4) Chance de ter um carro competitivo
A equipe terá cerca de R$ 160 milhões a mais no orçamento para desenvolver o carro, fruto do desconto no fornecimento de motores Mercedes, por liberar Bottas, e investimento do "paitrocinador" de Lance Stroll, Lawrence, bilionário da indústria da moda.
5) Interesses comerciais e estratégicos
Na Williams, a patrocinadora Martini exige que um dos pilotos tenha mais de 25 anos para ações publicitárias. Além disso, o chefão da Fórmula-1, Bernie Ecclestone, pressionou para garantir que houvesse um brasileiro no grid, já que Felipe Nasr foi preterido pela Sauber.