Os Estados Unidos serão palco, no próximo dia 18, de uma disputa automobilística que transcende pistas e carros. Será quando dois dos principais campeonatos de corrida do planeta terão etapas decisivas, separadas por 2,2 mil quilômetros.
Enquanto a Fórmula-1 poderá consagrar seu campeão no Grande Prêmio de Austin, no Texas, o penúltimo do ano, a Nascar verá a definição do título de sua categoria principal, a Sprint Cup, em Homestead, na Flórida.
A coincidência de datas tende a prejudicar especialmente a Fórmula-1, que volta a organizar um GP na maior potência econômica do mundo após cinco anos. Nos Estados Unidos, a Nascar é extremamente popular.
Segundo Steve Phelps, chefe de marketing da categoria, todos os ingressos para a corrida da Sprint Cup da etapa de Homestead estão vendidos. O diretor enfatizou, em entrevista ao LANCE!, que a concorrência da F-1 não preocupa.
- Sei que nós vamos ter nossa final em Homestead e será grandiosa. Vamos encher as arquibancadas, porque os tíquetes estão esgotados. O que acontecer em Austin, fica em Austin - disse.
Antes de ir a Homestead, a Nascar ainda verá uma parada em Phoenix, no Arizona, neste fim de semana. O pentacampeão Jimmie Johnson lidera a luta pelo troféu com 2339 pontos, sete a mais do que Brad Keselowski. Já a F-1 assiste a uma briga entre Sebastian Vettel (255 pontos) e Fernando Alonso (245).
É justamente esta indefinição que embasa a argumentação de Phelps de que as atenções do amante de automobilismo nos Estados Unidos estarão dirigidas à Nascar.
De acordo com o dirigente, o esporte é o segundo mais visto na televisão americana - atrás apenas da NFL - e o primeiro em público pagante.
- A Fórmula 1 já esteve aqui nos Estados Unidos no passado, mas sempre com muitos altos e baixos. Mas para nós é simples: vamos manter o que fazemos e terminar mais uma grande temporada. Não nos preocupamos com a Fórmula-1 nem com a NFL - ressaltou.
Um ponto curioso nesta batalha entre as duas categorias é que o circuito de Austin é maior (alega ter capacidade para 120 mil pessoas) do que o de Homestead (65 mil) - embora a Nascar reúna em um fim de semana o triplo disso, por conta de todos os eventos que realiza, como as corridas das categorias Nationwide e Truck Series.
BATE-BOLA
STEVE PHELPS, CHEFE DE MARKETING DA NASCAR
1) Quão popular a Nascar é nos Estados Unidos hoje?
Somos o esporte número dois em audiência de televisão, atrás da NFL. E somos número um em presença de publico. Temos grandes autódromos e reunimos mais de 100 mil pessoas por corrida da Sprint Cup.
2) A Nascar tem objetivo de superar a NFL como esporte mais popular dos Estados Unidos?
Não é nosso objetivo bater a NFL. Queremos que cada vez mais gente se interesse pela Nascar. É isso. Porque o fã da Nascar também gosta de NFL. Não temos essa ambição de ser o esporte número 1 da América.
3) Curiosamente, a Nascar cresceu depois da crise econômica de 2008. Qual foi o segredo do sucesso?
A crise atingiu nossos fãs, porque perderam seus empregos. Foi algo real, e na verdade ainda os afeta. Mas tínhamos de fazer com que eles não descartassem a Nascar. Desde 2009 melhoramos nossos produtos, nossos serviços e fizemos de tudo para o fã se sentir importante. Também baixamos preços e criamos programas de ingressos mais baratos ou para a família toda. Deu certo.
Para campeão da F-1, torcida é diferente
A concorrência da Nascar no fim de semana do Grande Prêmio de Austin, em 18 de novembro, não preocupa Jenson Button. O piloto da McLaren acredita que haverá público para os dois eventos.
- São dois tipos bem diferentes de corrida. Vamos perder alguns torcedores que vão acompanhar a Nascar e talvez, se não houvesse a coincidência de datas, se disporiam a ver uma categoria distinta que estará correndo nos Estados Unidos. Mas, no geral, são dois grupos de fãs diferentes - disse.
Campeão da F-1 em 2009, pela Brawn GP, Button também é realista. Ele profetizou que a categoria só será realmente popular na maior potência mundial quando um piloto americano de ponta competir nela.
- É bom que a corrida seja em Austin, uma cidade vibrante e com muitos estudantes. Atrairemos o interesse dos jovens para nossa categoria. Mas para a Fórmula-1 crescer realmente nos Estados Unidos será preciso um piloto americano e que esteja tendo sucesso na categoria.