As mensagens de texto, também conhecidas como SMS, não têm influência negativa sobre a ortografia dos estudantes, e ainda oferecem uma oportunidade adicional para a prática da escrita, afirma um estudo realizado por pesquisadores franceses.
- É o nível geral da ortografia dos alunos que determina o tipo de erros presentes no SMS, e não o contrário - resume o CNRS em um comunicado divulgado nesta terça-feira sobre o estudo, feito com base em 4.524 SMS escritos por 19 jovens de 12 anos que não possuíam telefone celular antes do início da pesquisa.
As abreviações ou variações e aproximações ortográficas de uma palavra em relação à escrita tradicional utilizadas nos SMS são frequentemente apontadas por pais e professores como a causa das dificuldades de ortografia entre os estudantes.
O estudo do Centro de Pesquisa sobre a Cognição e a Aprendizagem (CNRS/ Université de Poitiers/ Université François Rabelais de Tours), mostra que quando os jovens começam a escrever SMS, "é o nível de escrita tradicional que determina a forma dos SMS enviados, e não os SMS que influenciam negativamente a ortografia tradicional".
E quando a prática do envio de SMS já está enraizada, após um ano, "não há nenhuma ligação entre o nível de ortografia tradicional e a forma dos SMS", asseguram os pesquisadores.
- Ao contrário dos temores muitas vezes expressados, são bons alunos os que fazem um monte de abreviações com o código ortográfico tradicional e os menos bons as praticam menos - aponta o CNRS.
Longe de ser uma ameaça para o nível de ortografia da juventude, os SMS são, portanto, "uma chance nova e adicional para praticar a expressão escrita". Além disso, a escrita tradicional ensinada na escola e as mensagens de texto redigidas fora de qualquer quadro institucional "dependem das mesmas habilidades cognitivas", garantem os pesquisadores.
Estudos recentes sobre as línguas inglesa e finlandesa também demonstraram que não havia ligação entre o nível ortográfico dos alunos com idades entre nove e 12 anos e os "erros" nos SMS.
Uma vez que o celular e o SMS são usados com facilidade e entusiasmo por adolescentes, "eles poderiam ser usados como um suporte de aprendizado escolar, ideia que a Unesco já havia defendido em 2010", acreditam os pesquisadores. O trabalho foi publicado no Journal of Computer Assisted Learning.