As experiências escolares – incluindo as esportivas – devem ser inclusivas e incentivadas. Quem afirma é o professor do curso de Educação Física da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Lúcio André Brandt.
Em 2023, ele orientou a pesquisa “Contribuições da Educação Física na escola para a formação esportiva: um olhar a partir dos atletas”, feita por seus alunos de graduação. Nela, participaram atletas de vários níveis e modalidades esportivas.
De um modo geral, avaliaram bem a educação física no colégio. No entanto, aqueles que não registraram boas lembranças foram os que não tiveram acesso à modalidade que atualmente praticam, como a ginástica artística.
— Ainda tem uma monocultura esportiva em algumas escolas. É o futebol para os meninos e o vôlei para as meninas. É importante valorizar a pluralidade de esportes — comenta.
Brandt complementa que existem evidências científicas que indicam que crianças que praticam modalidades esportivas variadas conseguem adquirir habilidades motoras diferenciadas, o que contribuirá em seu processo de aprendizagem.
Outro aspecto levantado é o objetivo da prática esportiva. Ele ressalta que, anos atrás, havia uma relação da educação física com competição, uma maior relevância por vencer. Mas nem todas as crianças vão se sentir realizadas competindo.
— O esporte precisa ser voltado para a melhora da aptidão física, bem como à sociabilidade, proporcionar amizades — salienta.
Estrutura
A estrutura oferecida pela escola também precisa ser considerada. Se a quadra esportiva for descoberta, é necessário ter ambientes em que a criança possa desenvolver suas habilidades motoras.
No entanto, ele faz uma ponderação: por mais que haja grandes instalações, nada substitui o professor de educação física. A sua habilidade de ensinar, incentivar e mobilizar os alunos é fundamental, explica, pois a escola é a base, um local de descobrimento.
Já o chefe do Serviço de Psiquiatria da Infância e da Adolescência do Hospital das Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Luis Augusto Paim Rohde, traz outro apontamento.
Nos últimos cinco anos, aumentou o número de ensaios clínicos que apontam o exercício físico, principalmente aquele que tenha um aspecto aeróbico, como um componente extremamente importante. Ele comenta sobre a prática repetida três vezes por semana – pelo menos 30 minutos.
— Para os jovens, diminui a irritabilidade, os sintomas de depressão e ansiedade, além de melhorar a atenção — diz.
Para não ficar parado
O que considerar na escola quanto às atividades físicas:
- Se oferece modalidades esportivas variadas, com intuito de desenvolver capacidades motoras e cognitivas das crianças
- Procurar aquela que tenha um programa que envolva os exercícios físicos aeróbicos, pois favorecem as saúdes física e mental
- Verificar se possui uma estrutura em que as crianças tenham atividades físicas permanentes, mesmo em dias chuvosos
Fontes: professor da PUCRS Lúcio André Brandt e chefe de Psiquiatria do HCPA, Luis Augusto Paim Rohde
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