A biblioteca da Escola Estadual de Ensino Médio Tuiuti, na Vila Bonsucesso, em Gravataí, está prestes a encerrar mais um ano letivo com as portas fechadas para os alunos que estudam à noite.
Desde 2019, não há profissional responsável pelo local nesse turno. Por isso, os estudantes não têm acesso ao acervo, que dispõe de mais de 5 mil livros, durante o período em que estão em aula. A diretora da instituição, Geovana Rosa, 45 anos, é responsável pela escola há quase uma década. Pôde acompanhar de perto o declínio de projetos literários que, antes, eram desenvolvidos na biblioteca. Até mesmo atividades com a comunidade do entorno da escola eram promovidas, como uma feira de troca de livros aberta ao público, que ocorria todos os anos.
– Tínhamos várias ações de fomento à leitura, principalmente no turno da noite, como saraus literários, concurso de poesia, contação de histórias. Até os alunos da manhã e tarde participavam – relembra a diretora.
Incentivo
Um projeto destacado por Geovana era desenvolvido junto aos estudantes dos três turnos. Chamado de O Melhor Leitor, tratava-se de uma premiação destinada ao aluno que retirasse mais livros durante o ano letivo. Na sua visão, é dever da escola trabalhar o estímulo à leitura com os jovens.
–É preciso incentivar, mas, para fazer tudo isso, tem que ter alguém que controle o acervo, que trabalhe em prol da biblioteca – ressalta.
Apesar de, atualmente, apenas o turno da noite estar sem acesso ao acervo, durante três anos, até março passado, a biblioteca esteve fechada em todos os turnos. Foi quando duas professoras puderam ser realocadas e assumiram o cuidado com os livros durante o dia, reativando o local de manhã e de tarde.
Livros virtuais
A estudante do 2º ano do Ensino Médio Thaylla Saraiva, 18 anos, revela que tomou gosto pela leitura quando tinha 13 anos. O incentivo partiu da escola em que completou o Ensino Fundamental, por meio de uma professora de Literatura que estimulava os alunos a frequentarem a biblioteca. Por isso, reconhece o papel da escola no desenvolvimento de um futuro leitor:
– Às vezes, o primeiro contato do estudante com a leitura é na escola. Se não tem esse acesso, não tem estímulo.
Thaylla estuda à noite, portanto, é uma das alunas afetadas pelo fechamento da biblioteca. Até mesmo as aulas de Literatura são prejudicadas pelo fechamento do espaço. A jovem conta que, quando a professora precisa trabalhar um título em sala de aula, pede aos alunos que acessem por meio de livros virtuais, que são compartilhados com a turma.
– Livros são caros, é difícil termos acesso. A biblioteca da escola é muito grande, tem muita variedade. É lamentável passar em frente, ver tantos livros e não poder acessá-los – finaliza.
Seduc não respondeu às solicitações
A reportagem solicitou, ainda no fim da semana passada, um posicionamento da Seduc em relação à falta de funcionamento da biblioteca no turno da noite. Porém, até o fechamento desta edição, a secretaria não enviou resposta aos pedidos de GZH.
*Nikelly de Souza