Um estudo da Firjan Sesi apontou que o Brasil poderia poupar R$ 135 bilhões por ano se cerca de 90% dos jovens conseguissem concluir o Ensino Médio até os 24 anos. É o custo anual calculado sobre os 40% dos brasileiros nessa faixa etária que ficam pelo caminho na educação básica — percentual acima de países como México, Costa Rica e Colômbia.
Os dados fazem parte do estudo "Combate à evasão no Ensino Médio — desafios e oportunidades", que reúne apontamentos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e do economista Ricardo Paes de Barros para traçar um diagnóstico e propor soluções.
De acordo com o jornal O Globo, a pesquisa também mostra que apenas 46% dos estudantes brasileiros mais pobres conseguem concluir o Ensino Médio até os 24 anos. Entre os estudantes mais ricos, a taxa é de 90%.
Quem não consegue chegar ao final dessa etapa costuma ter remuneração, em média, 25% menor e expectativa de vida de três anos a menos. Em entrevista ao O Globo, Andrea Marinho, consultora de educação da Firjan Sesi e responsável pela pesquisa, apontou que a evasão entre os jovens brasileiros perpetua desigualdades sociais.
— A cada 10 jovens brasileiros, apenas seis concluem o Ensino Médio. O restante tem suas vidas indefinidas, sem uma base sólida de educação para exercer sua cidadania e ter uma análise crítica para fazer suas escolhas e conseguir se movimentar em meio a mudanças constantes no mundo do trabalho. A eles, falta uma qualificação adequada para uma colação melhor no mercado. São vidas comprometidas, que geram um custo econômico e social. A cada ano, 500 mil jovens maiores de 16 abandonam a escola no Brasil. Isso é muito grave, uma tragédia silenciosa, porque perpetua as desigualdades — frisa.
De acordo com o estudo, a evasão é resultado de uma combinação de fatores, como repetência, distorção entre idade e série, falta de engajamento escolar, dificuldades econômicas e ausência de projeto de vida. A pesquisa terá continuidade. Os próximos passos incluem a criação de um site com todos os repertórios de práticas, políticas e programas que podem servir como modelos e inspiração. Cadernos contendo esse material devem ser levados a gestores da educação pública de todo o país. Em agosto, está previsto um seminário com secretários de educação.