O presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Ricardo Galvão, admitiu na terça-feira (8) que o pagamento de bolsas de pesquisadores está atrasado. Segundo ele informou nas redes sociais, isso ocorre por causa de "trâmites burocráticos de transição da documentação para a nova gestão" do órgão, ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia.
Galvão afirmou que os recursos "estão todos garantidos". Ele disse também que o CNPq tenta "agilizar o processo para fazer os depósitos o mais rápido possível". Na publicação no Twitter, porém, ele não falou em um prazo. O CNPq afirmou que os depósitos serão feitos nesta quarta-feira (8). O órgão disse que "em regra e tradicionalmente, o pagamento das bolsas do CNPq é feito no quinto dia útil de cada mês". "No mês corrente, a data é neste dia 7, terça-feira", escreveu.
Ao Estadão, o presidente da Associação Nacional de Pós-graduandos (ANPG), Vinícius Soares, contou que mais de cem estudantes buscaram a associação para relatar que o pagamento não havia sido liberado. O atraso, para eles, é sinônimo de preocupação
— Ficamos preocupados, porque as contas não esperam.
Segundo ele, alguns bolsistas até chegaram a receber o valor cheio e outros apenas a taxa de bancada (valor destinado a gastos com a pesquisa). Soares conta que as agências de fomento costumam fazer os depósitos até o quinto dia útil do mês. O CNPq, porém, conforme os estudantes, geralmente é o primeiro a pagar.
Questionado pelo Estadão sobre quais trâmites bloquearam o pagamento, o CNPq apenas encaminhou as mesmas informações publicadas no Twitter da instituição. O Ministério da Fazenda também foi procurado, mas não respondeu.
Hoje, as bolsas de iniciação científica, mestrado e doutorado têm os valores de R$400, R$1,5 mil e R$2,2 mil, respectivamente. Neste ano, as bolsas completam dez anos sem reajuste e acumulam defasagem. Segundo Soares, o valor atual equivale a 1/4 do que era em 2013. Mesmo com o valor defasado, muitas dessas bolsas exigem do pesquisador dedicação exclusiva, sendo, dessa forma, a única fonte de renda. O novo governo havia prometido anunciar reajuste dos bolsistas da pós-graduação (CNPq e Capes) ainda em janeiro, mas isso não ocorreu.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.