A secretária estadual de Educação, Raquel Teixeira, que seguirá à frente da pasta no governo de Eduardo Leite (PSDB), traçou os principais objetivos para os próximos anos durante entrevista à Rádio Gaúcha nesta quarta-feira (28). Segundo ela, dois grandes temas serão o foco em 2023: a alfabetização e a ampliação das escolas de Ensino Médio em tempo integral.
O foco na alfabetização é resultado ainda do impacto causado pela pandemia. Conforme Raquel, houve perda na aprendizagem, além de impacto socioemocional nos alunos, professores e diretores.
— É claro que essa perda não se recuperou completamente. O programa Aprende Mais, durante um ano e meio, foi um impulso enorme que já se refletiu nos nossos índices. Mas ainda estamos abaixo da meta, muito longe do que poderíamos chegar. Mas perdemos menos do que outros Estados, o que significa que tivemos uma intervenção rápida — disse, em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade.
O programa Alfabetiza Tchê será uma das iniciativas colocadas em prática a partir de 2023. O pacto terá colaboração com os 497 municípios gaúchos e busca alfabetizar todos os estudantes gaúchos das redes municipal e estadual até o fim do 2º ano do Ensino Fundamental:
— Vamos agir de forma territorial no 1º e 2º ano. Se não houver um pacto estadual da sociedade pela alfabetização para olhar para essas crianças que, estavam no primeiro ano de 2020 e que chegaram no terceiro sem se alfabetizar, se não tivermos um olhar tecnicamente e cientificamente orientado, vamos ter problemas.
Para o Ensino Médio, o foco será em ampliar o número de instituições com oferta de período integral, uma promessa de campanha de Eduardo Leite. Hoje, são 18 escolas, e o objetivo é chegar a 550 em 2026 (50% do total). Em 2023, a meta é ter 67.
— A ciência comprova que o Ensino Médio em tempo integral é a melhor forma. Não é ampliar horas de aula, não é fazer mais do mesmo. É um Ensino Médio modificado, com iniciação científica, projeto de vida, clubes juvenis, flexibilização curricular, educação profissional.
A secretária argumenta que há hoje novos modelos de emprego que exigem novas atribuições dos jovens, como competências digitais, socioemocionais e financeiras. O objetivo é fazer com que as famílias compreendam que é mais vantajoso ao estudante passar um período se qualificando na escola do que ter empregos informais.
— Nós temos 457 mil jovens aptos para o Ensino Médio. Mas, se olhar para as matrículas, temos 343 mil em todas as redes. Corresponde a 75% desse universo. É muito mais baixo do que em outros Estados. E, desses matriculados, 85% estão na rede estadual. É onde está, substancialmente, quem vai definir o futuro do Estado.
Salário e novos professores
Questionada sobre aumento salariais para professores, Raquel Teixeira disse que não é a responsável por tomar essa decisão. No entanto, ela afirma que levará o tema para discussão com a Secretaria da Fazenda, Procuradoria-Geral do Estado e Casa Civil:
— Claro que é o que eu quero e o que eu defendo. Mas não tomo essa decisão sozinha. Acho que há espaço para debate, mas tem que ser uma análise racional sobre as questões do Estado.
Ela ainda afirma que há um edital em finalização para a abertura de 1,5 mil vagas de professores, que deve ser publicado "em curtíssimo prazo", mas sem apontar uma definição de cronograma.