O último dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) teve, em geral, um nível de dificuldade maior em comparação ao ano passado, mas o padrão do exame se manteve o mesmo, conforme professores do curso pré-vestibular Me Salva.
Neste domingo (20), estudantes de todo o país realizaram provas de Matemática e de Ciências da Natureza. Em determinados pontos, a prova surpreendeu ao mudar a tradicional estrutura e os conteúdos abordados. A área considerada a mais tranquila foi Biologia; Química, por sua vez, teve questões inesperadas.
Os professores do Me Salva prepararam um gabarito extraoficial — clique aqui para conferir.
Conforme Caio de Britto, professor de Matemática, a prova dessa disciplina foi mais difícil em relação ao ano anterior. A distribuição de conteúdos foi um pouco diferente do tradicional, sobretudo na parte de geometria, com menos questões de geometria plana e mais de geometria espacial.
Além disso, assim como em 2021, não houve questões sobre logaritmo, um conteúdo que os estudantes costumam ter dificuldade. A geometria analítica, outro tema considerado difícil, também não apareceu em nenhuma questão. Em compensação, a função de 2º grau, que costuma surgir em apenas uma questão, apareceu em duas, algo incomum. Contudo, com exceção das divisões de geometria, o exame não surpreendeu, conforme o professor.
— Este ano, o número de questões fáceis e difíceis foi maior, e de questões médias, menor, em relação ao ano passado — afirmou. — Sempre costumo dizer que, no Enem, a prova de Matemática é bem previsível, ela foi o que costuma ser. O aluno que se preparou, estudou da forma correta, com base em provas antigas, simulados, com certeza se deu bem, porque apesar de ter coisas diferentes do comum, seguiu o padrão que costuma seguir.
Ele destacou ainda que a prova foi bem elaborada, a princípio sem questões problemáticas que tenham se destacado.
Na parte de Ciências da Natureza, os professores avaliaram que os assuntos tratados não fugiram daqueles que são normais no Enem, mas houve renovação nas questões, com temas como covid-19 marcando presença na prova de Biologia. A prova de Química acabou sendo considerada uma das que mais exigiu dos estudantes.
— Em uma perspectiva geral, a prova foi mais difícil em comparação ao ano passado, algo que apareceu na primeira fase também, com questões que envolvem alguma pegadinha, questão que exigia que mesclasse vários assuntos — explicou Arthur Casa Nova, professor de Física do cursinho.
Algumas questões que não apareceram na prova de 2021 voltaram ao exame agora, como em Física, com o retorno de fenômenos ondulatórios. A grande maioria da prova foi focada em mecânica. Em relação a outros anos, a quantidade de questões sobre ondas diminuiu; já eletrodinâmica e circuitos mantiveram-se bastante presentes, como em todos os anos.
Em comparação ao histórico do Enem, Casa Nova afirmou que a prova de Física foi dentro do esperado, não tendo fugido do estilo. Porém, avaliou que o exame foi mais difícil em relação ao último ano.
— Mais difícil na percepção dos alunos com certeza, eles vêm de um período estudando remoto, e agora retornaram ao presencial, então alguns conteúdos intrincados vão aparecer como mais difíceis, mas nada que fuja completamente da dificuldade do Enem — lembrou.
Já a prova de Biologia estava mais tranquila em comparação ao ano anterior, conforme a professora da disciplina Bruna Cláudia da Silva Jorge. Entretanto, houve uma mudança brusca na organização dos conteúdos: geralmente, questões sobre ecologia e problemas ambientais ocupam em torno de 50% da prova e, neste ano, se resumiram a uma única questão, sobre espécies exóticas, considerada difícil pela professora.
O que mais apareceu foi biotecnologia, um assunto que já vinha tomando mais espaço a cada ano e que era uma aposta dos professores, por se relacionar com a ciência atual — manipulação genética, organismos transgênicos, vacinas, entre outros, foram conteúdos que apareceram. A questão que julgaram a mais difícil, era, inclusive, sobre biotecnologia e covid.
— A gente via que estava acontecendo, mas não esperava que a ecologia ia quase sumir, acho que isso surpreendeu todo mundo. Mas, no geral, a prova foi bastante interessante, não saiu nada além do que a gente já esperava, se manteve bem no padrão do Enem, ao contrário do ano passado, que foi um pouco mais conteudista — afirmou Bruna.
Ela acrescentou que alguns estudantes que focaram em ecologia e não estudaram tanto sobre biotecnologia podem ter sido pegos de surpresa.
A prova que mais surpreendeu foi a de Química. Conforme a professora Natália Santos, ela foi diferente de outros anos: usualmente, o conteúdo predominante era química orgânica, que, neste ano, foi abordado em apenas uma questão. Os conteúdos que se destacaram foram cinética química e equilíbrio químico. Reações químicas no geral e separações de misturas eram conteúdos esperados e que tiveram duas questões; porém, assuntos incomuns apareceram.
Apesar de ter exigido menos cálculo nas questões de química, a prova, em geral, foi mais difícil, de acordo com Natália:
— Não seguiu o padrão dos outros anos, foi um tanto inesperado e teve um nível de dificuldade mais alto.