Quando começaram a desenvolver um projeto para criar absorventes mais sustentáveis e acessíveis, as estudantes Laura Nedel Drebes, 19, e Camily Pereira, 18, não imaginavam que, um ano depois, estariam concorrendo a um prêmio internacional pela iniciativa chamada SustainPads: Absorventes Sustentáveis e acessíveis a partir de subprodutos industriais.
— A gente verificou que o nosso produto custa apenas R$ 0,02, sendo 95% mais acessível que os absorventes que são convencionalmente comercializados — salienta Laura.
Estudantes dos cursos técnicos em Administração e Informática do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS), em Osório, no Litoral Norte, as pesquisadoras foram as vencedoras do Prêmio Jovem da Água de Estocolmo 2022 - Etapa Brasil, e vão representar o país na fase internacional em Estocolmo, na Suécia, no final de agosto. No total, apenas 40 trabalhos foram selecionados em todo o mundo para a competição.
Orientadora do projeto, a engenheira de alimentos e professora Flávia Santos Twardowski Pinto comemora o esforço das alunas com orgulho:
— A gente não esperava ser as representantes brasileiras. Foi uma surpresa muito grata.
Os SustainPads são inovadores por darem utilidade a resíduos descartados pela indústria e por produtores da região litorânea. No protótipo testado no laboratório, as fibras do algodão convencional dos absorventes comuns foram substituídas por fibras do açaí de juçara e do pseudocaule da bananeira, vegetações muito presentes na região litorânea do Estado.
O uso da bananeira foi um desafio para o grupo, que não tinha uma prensa para extrair as fibras no laboratório. Em busca de uma solução, as estudantes resolveram fazer um teste arriscado que contou com apoio da professora: Flávia emprestou as rodas do próprio carro para fazer o amortecimento. E não é que deu certo?
— A ideia veio da internet! — conta Laura.
Outro ponto de destaque dos SustainPads é a camada plástica do absorvente que também é mais ecológica. Essa etapa do processo é feita a partir da sobra da produção de cápsulas de ômega 3. Isso transforma o revestimento dos itens em um plástico mais sustentável.
— São necessários apenas 16 dias para degradação de 50% desse produto plástico biodegradável. O plástico comum leva de 100 a 500 anos — compara a professora Flávia.
Coloridos, os absorventes produzidos no laboratório ainda contam com sobras de tecidos, somando mais um ponto para a sustentabilidade. E há ainda o fator social, que pode mudar a vida de muitas mulheres se um dia o produto for comercializado.
Por ser uma opção com menor custo, o projeto colabora para combater a pobreza menstrual. A expressão é sobre a dificuldade de acesso a absorventes e a uma estrutura de higiene adequada para meninas e mulheres, que chegam a faltar escola ou ao trabalho por não terem um produto em casa nos dias de menstruação.
Pensando no futuro, as estudantes e a professora têm planos de tentar implantar uma cooperativa ou conseguir apoio de uma empresa que auxilie em uma produção em maior quantidade dos absorventes. Por enquanto, o produto foi testado em laboratório e já trouxe resultados eficazes.