O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) disse na noite de sábado (13) que a segunda etapa do Revalida - exame que certifica médicos formados fora do Brasil - não vai atrasar. A prova está prevista para os dias 18 e 19 de dezembro. A manifestação do órgão federal ocorreu após o Estadão revelar documento interno do Inep que apontava falta de médicos capacitados para definir todas as tarefas do teste prático.
O documento obtido pela reportagem também apontava que os prazos "foram exíguos" para elaborar as provas, "impactando negativamente na qualidade dos itens e correndo sérios riscos da não aplicação". Além disso, uma comissão de médicos responsável pela concepção do Revalida "sofreu total reestruturação".
Conforme o documento, a maior parte dos médicos nomeados pelo presidente do Inep, Danilo Dupas, não tinham experiência prévia com o Revalida e, por causa do cronograma apertado, não passaram por capacitação.
Esse grupo foi formado em 28 de julho, a pouco mais de um mês da 1ª fase do exame. Nas semanas seguintes, a composição foi alterada por Dupas. No comunicado de sábado, o instituto justificou que "compete ao presidente do Inep a indicação de seus membros". O órgão disse ainda ratificar "o alto nível técnico" dos escolhidos, além do "profissionalismo e comprometimento com o Revalida".
Ainda conforme o Inep, as mudanças no conselho ocorreram após o afastamento de um integrante denunciado por servidores. Sem "tempo hábil" para um chamamento público, o órgão diz ter buscado indicações de novos conselheiros, com 114 nomes apontados por universidade parceiras.
Também segundo o Inep, após a denúncia, oito membros da conselho optaram por não serem reconduzidos, "sendo que quatro pediram sua saída imediata". Servidores do Inep ouvidos pelo Estadão, porém, afirmam que os médicos não pediram para serem desligados. Foram cortados, dizem, porque não passaram no "filtro" de Dupas.
Neste mês, 37 servidores do Inep pediram para deixar cargos de coordenação, sob argumento de fragilidade administrativa do órgão e denúncias de assédio contra Dupas. A crise se agrava perto do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), no próximo domingo, com 3,1 milhões de inscritos.