Após permanecer em suspenso por mais de um ano, o futuro do vestibular de 2021 da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) pode ser definido na manhã desta sexta-feira (23).
Está na pauta da reunião das 8h30min do plenário do Conselho Universitário (Consun), órgão máximo de tomada de decisões da instituição, a análise da proposta para o processo seletivo deste ano.
O grupo, com funções de Poder Legislativo na UFRGS, é formado por 77 representantes de professores, servidores e estudantes – incluindo o reitor, Carlos André Bulhões, e a vice-reitora, Patricia Pranke.
O último vestibular ocorreu no fim de 2019 para ingresso em 2020. Em virtude da suspensão de aulas presenciais, a instituição está, neste momento, nas aulas do segundo semestre de 2020, que devem acabar em maio.
Como noticiou GZH em primeira mão, a proposta a ser analisada pelos conselheiros é de dividir o processo seletivo em dois. Para o primeiro semestre do ano letivo de 2021, cuja previsão de início é para agosto, a UFRGS usaria as notas dos últimos quatro vestibulares ou do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de cada candidato.
Para entrada no segundo semestre do ano letivo de 2021, com início em 2022, a UFRGS aplicaria um vestibular presencial, se a pandemia melhorar, ou manteria os critérios anteriores e acrescentaria a possibilidade de incluir as notas do Enem a ser realizado neste ano – opção para quem nunca fez nenhuma das duas provas.
A seleção alternativa seria para 3.980 vagas (70% do total da instituição) – as outras 1.691 (30% restantes) serão destinadas, como de praxe, ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu).
A alternativa de processo seletivo foi entregue pela Reitoria da UFRGS em março. A proposta sofreu alteração de uma câmara técnica do Conselho Universitário e foi enviada, na quinta-feira passada (15), para análise do plenário do Conselho nesta sexta-feira.
O texto poderá ser aprovado na íntegra, parcialmente ou refutado. Conselheiros também podem pedir vista – isto é, prazo para estudar o documento. Se aprovado nesta sexta-feira, o texto irá para o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe), órgão técnico responsável por definir as datas de inscrição e início das aulas.
Em calendário sugerido pela UFRGS, em maio o Cepe estudaria o calendário escolar de 2021 e, em agosto, as aulas se iniciariam – a Reitoria chegou a cogitar o início para junho ou julho.
GZH apurou nos últimos dias, com conselheiros, que a sugestão de vestibular alternativa foi, no geral, bem recebida por integrantes do Conselho Universitário. A oposição à Reitoria planeja dar prioridade à discussão do processo seletivo logo no início da sessão – e só depois debater a reforma administrativa, assunto que mobiliza a UFRGS nos últimos meses e vem causando mal-estar na comunidade acadêmica.
— O grupo de conselheiros mais críticos à atual gestão tem consenso de pedir inversão de pauta para a primeira ordem do dia ser o debate do vestibular. O Consun não quer trancar pauta para falar de reforma administrativa em vez de vestibular. Não vamos prejudicar a sociedade por questões internas. As discussões correm em paralelo — afirma Pedro Costa, membro do Consun como representante docente e professor da Faculdade de Administração.
A professora da Faculdade de Educação Simone Valdete, suplente no Conselho Universitário, diz que os conselheiros devem aprovar a proposta de concurso alternativo para 2021.
— A intenção do Consun é aprovar. Essa proposta é muito adequada e vamos votá-la. O Consun nunca se indispôs sobre o assunto. A intenção dos conselheiros, sobretudo os vinculados às representações docentes, é aprovar. Queremos o melhor para os estudantes — afirma Simone.
Em nota divulgada nesta quinta-feira (22), a UFRGS destaca a “imprescindível e imperiosa necessidade de definição, pelo Consun, sobre como se dará o ingresso dos 70% das vagas na sessão de 23 de abril para que a Prograd (Pró-Reitoria de Graduação) possa elaborar o calendário escolar 2021 e submetê-lo à aprovação do CEPE e, na sequência, aprovar o Calendário Acadêmico 2021 até o final desse semestre letivo, permitindo a previsão e organização que assegurem o início do semestre letivo para o ano de 2021 e a projeção do calendário para os próximos anos”.