O curso começou em julho de 2018, mas ganhou uma roupagem toda nova na pandemia. Com aulas online desde 2020, o projeto social Confeitaria e Panificação, da Universidade Feevale, tem qualificado pessoas que estão desempregadas e em situação de vulnerabilidade social, cenários que se agravaram no último ano. A iniciativa é gratuita e ensina técnicas da gastronomia para alunos atendidos por entidades assistenciais parceiras, nas cidades de Novo Hamburgo e Santa Maria do Herval.
No segundo semestre do ano passado, a ação qualificou 30 pessoas. Em 2021, a primeira aula foi na terça-feira passada (20) e soma cerca de 50 novos aprendizes, com idades entre 17 e 55 anos. Para a coordenadora da ação, a professora Simone Weschenfelder, trata-se de uma oportunidade para quem está passando por dificuldades financeiras rechear seu currículo e se preparar para o mercado de trabalho.
— Não dá pra ficar de braços cruzados sabendo que há pessoas passando fome e que estão desempregadas na pandemia. Se já está difícil para uma pessoa com qualificação técnica, o mercado está ainda pior para quem não tem. Com essas oficinas, os alunos terão condições para trabalhar em empreendimentos da área ou produzir em casa e complementar sua renda — ilustra Simone.
O curso conta com três professores, responsáveis pela supervisão das atividades, mas quem coloca a mão na massa de fato são os graduandos do curso de gastronomia da Feevale. Na tarde dessa quinta-feira (22), o aluno Rawlinson Rodrigues dos Santos preparou uma massa de brioche, fritou, confeitou e a transformou em donuts. Toda a ação foi captada em vídeo pelo colega Marcelo Figueiró, estudante de produção audiovisual, e será encaminhada aos participantes do projeto por WhatsApp. Na próxima terça-feira (27), dia em que sempre ocorrem os encontros online do projeto, Rawlinson será o responsável por apresentar a receita, ensinar ao vivo as técnicas envolvidas no preparo e responder às dúvidas dos alunos.
— Pra mim, é gratificante. Por causa do projeto, eu mesmo percebi que gosto de aprender e passar conhecimento adiante, então o plano para quando eu me formar é continuar no âmbito do ensino da gastronomia — projeta Rawlinson.
Ainda antes da pandemia, em 2019, Silda Terezinha Oliveira foi uma das participantes da ação social, e tem elogios para fazer aos professores e às técnicas que aprendeu. Isso porque foram eles os responsáveis por levar seu negócio a um patamar mais alto.
— Quando comecei o curso, eu já trabalhava com confeitaria, mas queria aprender mais. Meu negócio rendeu muito mais depois das aulas. Aprendi sobre tratamento com os clientes, além de como fazer pães, pizzas, docinhos, cucas. Hoje, eu trabalho na minha casa, fazendo doces e salgados para festas — conta Silda, 58 anos.
O que é jornalismo de soluções, presente nesta reportagem?
É uma prática jornalística que abre espaço para o debate de saídas para problemas relevantes, com diferentes visões e aprofundamento dos temas. A ideia é, mais do que apresentar o assunto, focar na resolução das questões, visando ao desenvolvimento da sociedade.
Para o reitor Cléber Prodanov, a integração com a comunidade é um dos pilares da Feevale, e é por este motivo que a instituição está oferecendo ferramentas para o combate desse momento de crise e de desesperança, principalmente para os mais vulneráveis.
— Uma universidade como a nossa tem que dar respostas à comunidade, e uma maneira que encontramos para fazer isso é esse projeto, colocando nossa estrutura, mesmo na pandemia, à disposição de um público que normalmente está fora dela. É aquela história: se a cidade vai bem, a região vai bem, a Feevale vai bem — afirma Prodanov.
A turma atual de Confeitaria e Panificação se forma em julho, mas o projeto continua no próximo semestre. Informações sobre inscrições e entidades parceiras podem ser obtidas pelo e-mail projetopanificacao@feevale.br.