Entre março e junho deste ano, o advogado Guilherme Lippert, 43 anos, e a mulher, a advogada e empresária Juliana Barbosa, 44, trocaram temporariamente o apartamento em Porto Alegre pela casa da família, em Atlântida, no Litoral Norte, e levaram o trabalho na mala.
A experiência foi tão aprovada por ambos que a rotina do casal mudou: eles passaram a ir ao apartamento apenas dois dias da semana. Na Capital, ele atua num escritório de advocacia e ela mantém uma padaria de produtos sem glúten. Em sete meses, Guilherme comemora ter usado gravata apenas uma vez.
— A praia existe muito além do veraneio. Depois de 43 anos, e devido à pandemia, pude viver por completo também as outras estações no Litoral Norte. Fizemos melhorias na casa, compramos móveis e eletrodomésticos, como máquina de lavar, e adaptamos o nosso home office. Gostamos e ficamos — relata o advogado.
Guilherme conta que o trabalho começa às 8h30min e termina às 18h30min. Nos dias de temperaturas mais altas, logo no início do distanciamento, o advogado aproveitava o intervalo para dar um mergulho na piscina. Depois do expediente, passou a circular de bicicleta na beira da praia. Duas atividades impensadas quando vivia em Porto Alegre.
— A adaptação tem a ver com três fatores: aceitar a situação, a organização e o agir rápido — sugere Guilherme.
Entre as vantagens do home office, pontuadas por Guilherme, estão a maior flexibilidade de horário no trabalho, a economia de tempo, a produtividade maior, com mais objetividade nas reuniões, a informalidade no traje e os intervalos para o café com mais qualidade, já que está em casa e pode preparar um lanche mais saudável. Juliana complementa dizendo que é possível organizar o dia incluindo alguma atividade pessoal durante o trabalho. Por exemplo, fazer atividade física no início ou no final da manhã. Como desvantagem, ambos ressaltam a falta da interação social e da troca de ideias com colegas.
Sobre seguir vivendo mais tempo na praia e em home office, o casal não faz longos planos. Até março, pelo menos, eles seguirão moradores do Litoral Norte e visitantes da Capital.
— Tenho certeza de que apenas em home office será complicado. O desafio interessante será como montar e aplicar o plano de manter o trabalho em home office, indo ao escritório quando efetivamente for necessário. Um modelo híbrido. Viável é. E a pandemia nos mostrou isso — resume o advogado.
Resiliência e tecnologia no pós-covid-19
Estudo Cultura Organizacional no "novo normal", da Grant Thornton, uma das maiores empresas globais de auditoria, tributos, consultoria, transações e BPS, apontou os principais impactos da pandemia no funcionamento e nas prioridades das organizações e as tendências de mudanças a serem observadas nas empresas no pós-pandemia. Foram ouvidos 2,1 mil profissionais de empresas com sede ou filial no Brasil, de diversos portes e segmentos, localizadas nas cinco regiões do país. Confira o resultado:
PRÉ-COVID-19
- Decisões ágeis com apetite para assumir riscos
- Ênfase em crescimento e performance
- Porém, dificultada por práticas restritivas
DURANTE A COVID-19
- Necessidade de resposta ágil às necessidades de mudança, mas há lentidão e insegurança
- Uma abordagem mais proativa no cuidado com as pessoas
- Pessoas aprendendo juntas e compartilhando informações
PÓS-COVID-19
- Busca por resiliência e descoberta de novas abordagens e formas de trabalho
- Uso de tecnologia para conectar e trabalhar de forma flexível
- Aumento do engajamento e trabalho colaborativo