O governo Jair Bolsonaro demitiu nesta sexta-feira (17) o presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), João Luiz Filgueiras de Azevedo. Quem assume o órgão é o pesquisador Evaldo Ferreira Vilela, ex-reitor da Universidade Federal de Viçosa (UFV).
Azevedo vinha combatendo o esvaziamento promovido pelo governo no órgão. Ele não foi avisado com antecedência de sua demissão e soube da exoneração após a publicação do ato no Diário Oficial da União desta sexta.
O CNPq é ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, pasta comandada por Marcos Pontes. O órgão é responsável pelo fomento da produção científica no país, com financiamento a projetos e a pesquisadores. Até o ano passado, o CNPq pagava 84 mil bolsas.
Sob a gestão de Pontes, o órgão perdeu prestígio na relação institucional dentro da pasta e foi rebaixado hierarquicamente. Azevedo despachou pessoalmente com o ministro raras vezes.
O CNPq também sofreu esvaziamento orçamentário do órgão: no ano passado, o governo só conseguiu recursos para o pagamento das bolsas no fim do ano, e o montante destinado à compra de equipamentos, por exemplo, teve forte redução. Em 2020, o ministério preteriu o CNPq na distribuição de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT).
O ministério também excluiu, em portaria de março, as ciências humanas das prioridades de projetos de pesquisa no CNPq até 2023. Questionado na ocasião pela Folha de S.Paulo, o conselho respondeu que só seguiria as determinações da pasta. Depois da má repercussão da medida entre a comunidade científica, a pasta editou novo ato que restabeleceu, em parte, as ciências humanas no escopo das prioridades. Azevedo não se posicionou publicamente contra a exclusão, mas internamente defendia que o CNPq se mantivesse como uma agência forte e independente.
O ministério não respondeu aos questionamentos da reportagem.
Também no Diário Oficial da União desta sexta foi publicada a nomeação da nova secretária de Educação Básica do Ministério da Educação, Ilona Becskeházy. O titular anterior do cargo, Janio Macedo, pediu demissão após desgaste com o ministro da Educação, Abraham Weintraub.