Em funcionamento há mais de 10 anos, o pré-vestibular Esperança Popular da Restinga precisou interromper as atividades em 2019, por falta de um espaço para as aulas. Em abril, durante uma aula na sede da Associação Comunitária Ação, Saúde e Lazer (Asala), dois homens armados anunciaram um assalto. Eles roubaram a mochila de um dos alunos e recolheram todos os celulares dos demais.
Desde então, a entidade que emprestava uma sala da associação solicitou o espaço de volta, por não ter como garantir a segurança dos frequentadores. Por isso, os estudantes tiveram apenas três semanas de aula em 2019.
Parcerias
O cursinho não possui sede própria e passou por três escolas do bairro até chegar à Asala, onde estava desde 2015. Em média, atendia 100 alunos por ano, no turno da noite. A ideia era ampliar as aulas também para o turno da tarde.
— Tentamos mais uma vez apoio de uma das escolas do bairro, mas a direção depende de autorização da Secretaria Estadual de Educação para ceder o espaço. E nós não temos CNPJ, somos uma associação, o que dificulta nossas solicitações à Secretaria — relata um dos professores voluntários, Thiago Martins Rodrigues, 21 anos, que leciona espanhol e literatura.
Ainda sem alternativas para o próximo ano, professores buscam por novas parcerias ou pensam em alugar um espaço. Para mantê-lo, pelo menos por um período, utilizariam os recursos que já têm em caixa — fruto da vaquinha organizada anteriormente, da venda de bótons, camisetas e do recolhimento de taxa dos alunos:
— Os alunos já pagavam uma taxa de R$ 10 para manutenção do projeto, talvez tenhamos que aumentar esse valor para R$ 20 ou R$ 30. Mas seguimos abertos para firmar parcerias com a comunidade.
"Tem feito muita falta"
Tainara Santos Oliveira, 18 anos, é uma das moradoras do bairro que deixou de ser atendida desde que o preparatório ficou sem sede. Durante o ano de 2018, ela já havia frequentado o cursinho e, com a nota do Enem, conseguiu uma vaga pelo Prouni em uma universidade particular. Porém, o objetivo da garota ainda é estudar em uma universidade pública. Tainara fez o Enem e prestará o vestibular da UFRGS.
— Eu também estava matriculada neste ano no cursinho, estava lá no dia do assalto. Tem feito muita falta, pois não tenho condições de pagar por um cursinho privado. Apesar de existirem outros na cidade, eu teria que gastar com o transporte. Ali tínhamos tudo, professores ótimos, que entendem a nossa realidade — descreve.
Para ajudar
/// Quem quiser ajudar ou contatar o cursinho deve enviar e-mail para esperancapopular.restinga@gmail.com.