Em uma simulação envolvendo alunos do curso de Psicologia da UniRitter, psicólogos foram chamados às pressas para ajudar a acalmar parentes das vítimas do fictício rompimento de uma barragem da Minera Mais, na cidade gaúcha de Linda Vista. Na encanação do suposto acidente, 50 pessoas eram consideradas desaparecidas enquanto três corpos chegavam a um centro de atendimento, montado às pressas, para reconhecimento, levando ao desespero parentes, amigos e colegas. O treinamento ocorreu na manhã desta terça-feira (9), nos altos do bairro Teresópolis, em Porto Alegre.
A prática contou com a participação de estudantes de diferentes semestres da universidade. O objetivo era mostrar como trabalhar na prática em situações críticas. Alguns estudantes fizeram o papel dos parentes e amigos (com atuações surpreendentemente reais), e outros atuaram como psicólogos, tentando aplicar, em um cenário de tensão, o que aprendem nas salas de aula.
— Já havíamos feito outras simulações, como queda de avião, mas decidimos trabalhar desta vez com uma tragédia humano-natural, que, infelizmente, está se tornando frequente no país e carece de profissionais preparados para prestar apoio — explica Francielli Galli, professora do Curso de Psicologia da UniRitter.
A atividade integra o evento "InquietAções", com palestras, workshops e cenários de simulações para aproximar os alunos dos estudos mais recentes na área, e foi realizado para marcar a entrega do selo NGP — A New Generation Psychologist, distinção recebida da Laureate International Universities, rede de 38 universidades da qual faz parte a UniRitter.
Para os alunos, foi real o suficiente. Márcio Souza, do 9º semestre, atuou dando suporte a um suposto casal de irmãos que teria perdido um parente na tragédia. Os personagens chegaram descontrolados, aos gritos, e foram sendo acalmados conforme o psicólogo tentava aplicar sua técnica na abordagem.
—Fiquei tentando analisar o que a teoria dizia para este tipo de acompanhamento: devemos tocar na pessoa, abraçar? É um momento de sofrimento intenso. São situações que apenas vivenciando você vai tentar saber como agir —relata.
Sua colega de cena, Ellen Borgonhi, do 10º semestre, descreve sensação semelhante:
— Por mais que vejamos nas disciplinas, não saberemos como agir até chegar à prática. Em um mundo com tantas tragédias humano-naturais, precisamos estar preparados para ajudar as pessoas.
Dinarte Luis Machado, do 9º semestre de Psicologia, representou o pai de uma das vítimas. Foi da etapa da negação até o desespero ao reconhecer o corpo do filho.
— É interessante olharmos pelos dois lados de quem vive uma tragédia, tanto do psicólogo quanto das vítimas, para termos uma ideia do impacto que um acontecimento desses traz à vida das pessoas — afirma.
Na avaliação de Hericka Zogbi Jorge, coordenadora do Curso de Psicologia da UniRitter, desastres, catástrofes, imigrações, violência urbana, crises econômicas, políticas e inúmeras mudanças sociais e culturais têm produzido novas desordens psíquicas que desafiam os profissionais de saúde mental. Com uma metodologia focada nessas necessidades, o curso tem procurado trazer novos conceitos para lidar com uma sociedade que passa por profundas transformações.
— Procuramos aproximar o conhecimento da academia a situações reais que o estudante poderá viver em sua trajetória profissional — explica.