Tradicional escola estadual de Porto Alegre, o Instituto Rio Branco, localizado na Avenida Protásio Alves, enfrenta uma situação complicada desde o início do ano letivo, no fim de fevereiro: os alunos do Ensino Médio estão sem professores para as disciplinas de português, literatura e química. Há duas semanas, a docente de espanhol pediu transferência da escola, complicando ainda mais a situação.
A preocupação dos pais é com os prejuízos aos estudantes, principalmente aos que estão se preparando para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que será realizado em novembro. É o caso do pedreiro Elcio da Silva Ventura, que tem uma filha de 17 anos na escola:
— Quero que ela faça o Enem agora este ano, mas como não tem aula de português e de literatura há mais de dois meses, eu acho que vai prejudicar, porque essas são as disciplinas mais importantes no exame, para fazer uma boa redação.
De acordo com a supervisora pedagógica da escola, Julie Souza Ferzola, 10 turmas estão sem aulas de química, oito sem as de espanhol e sem as de literatura e cinco sem as de português. A educadora afirma que a Secretaria Estadual da Educação (Seduc) foi comunicada assim que os professores titulares saíram, mas que ainda não houve reposição:
— O que nos disseram é que precisa abrir contrato (emergencial) e que isso demora.
Para minimizar os transtornos, a escola antecipou os demais períodos e os alunos saem mais cedo. Além das turmas do Ensino Médio, o 6º ano do Ensino Fundamental está sem professor de ciências há duas semanas, de acordo com a supervisora. Nesse caso, os alunos fazem atividades na biblioteca para evitar a dispensa mais cedo.
O diretor de Recursos Humanos da Seduc, José Adilson Santos Nunes, afirmou que a secretaria tem trabalhado para evitar que os estudantes da rede fiquem sem professores, mas que, em casos de laudo médico e de pedido de exoneração ou dispensa de contrato – como ocorreu no Instituto Rio Branco —, não há como prever. E que as substituições demoram em razão da necessidade de chamamento de novos contratos emergenciais:
— A escola informa no sistema a vaga e a coordenadoria de educação busca, num primeiro momento, suprir a carência com professores que têm horas vagas em outras escolas da região. Quando isso não é possível, chamamos novos contratos.
Segundo ele, a previsão é resolver o problema até esta sexta-feira (11), com a contratação de novos docentes para literatura, português e espanhol. As carências em química e ciências, segundo ele, serão supridas com a redistribuição de carga horária de professores que já estão na escola.
O último concurso do magistério estadual venceu em outubro do ano passado e não há previsão de novo edital. Por enquanto, as vagas têm sido preenchidas com contratos emergenciais. De acordo com o diretor, foram 800 novas contratações somente neste ano.