Uma manifestação com dezenas de universitários em oposição ao atual Diretório Central de Estudantes (DCE) da PUCRS acabou com a presença da Brigada Militar (BM) e com uso de spray na noite de segunda-feira (9) em frente ao Prédio 8 do campus da instituição, na Avenida Ipiranga, em Porto Alegre. A insatisfação de um grupo de estudantes chamado de Aurora é em relação à eleição estudantil deste ano, que conta com uma chapa única, representando a atual gestão. A votação estava marcada para ocorrer nesta terça (10) e quarta (11).
— Queremos uma nova chamada de eleições, não houve divulgação para a inscrição das chapas. Essas eleições são fraudulentas, não condizem com o estatuto, que pede a questão de publicar o edital com antecedência. Não estávamos lá protestando contra o Lula, estávamos por uma questão pontual enquanto estudantes da PUCRS — afirmou Gabriele Lima, estudante de Jornalismo de 20 anos.
A movimentação começou por volta das 18h. Conforme o atual presidente do DCE, Matheus Xavier, cerca de 40 estudantes "encurralaram" cinco alunos no diretório durante o protesto. Ele aponta que a manifestação foi motivada pela prisão de Lula, e não pelas eleições no DCE.
— Ficamos indignados em ver militantes de partidos usarem o espaço da universidade para levantar bandeiras políticas. Isso em nada favorece o aluno, em nada favorece a universidade, só causa transtornos — afirma Xavier.
O protesto durou cerca de duas horas. A Brigada Militar foi chamada ao local e houve empurra-empurra. Policiais chegaram a usar spray para dispersar a multidão, como mostram vídeos feitos por estudantes e repassados a GaúchaZH. Conforme a BM, porém, a ação transcorreu "com normalidade".
Uma estudante de Pedagogia de 19 anos, que não quis ter o nome divulgado, abordou a reportagem com os olhos vermelhos e reclamou ter sido alvo de spray. Uma das estudantes que ficou trancada no DCE, conforme o presidente do diretório, também saiu chorando, mas por causa da "truculência" dos manifestantes, segundo ele.
A PUCRS se manifestou sobre o ocorrido em nota, informando que vai abrir uma sindicância para verificar o que houve.
"A PUCRS, em conformidade com a sua missão, diante do ocorrido envolvendo movimentos estudantis, reafirma o seu compromisso em reconhecer os valores democráticos, respeitando à diversidade, aberta ao diálogo e primando pela integridade dos seus alunos. A Universidade vai abrir uma sindicância para verificar o ocorrido", informou a universidade por meio de sua assessoria.