O possível fechamento de uma escola tem mobilizado a comunidade de Candelária, no Vale do Rio Pardo. Em junho, a Associação Educacional Luterana do Brasil (Aelbra), mantenedora da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), informou a pais, professores e funcionários que não será mais responsável pela administração do Colégio Ulbra Concórdia a partir de 2018. Com o anúncio, os moradores se viram encarregados de buscar uma solução para a escola enquanto tentam encontrar alternativas para matricular os filhos.
A decisão, conforme a Aelbra, ocorreu por razões econômicas: os recursos recebidos com mensalidades e matrículas não seriam suficientes para arcar com as despesas. À comunidade, foi informado que, há 22 anos, desde que a associação assumiu como mantenedora, o colégio não dá lucro. Ainda assim, conforme os pais, a instituição tem conseguido oferecer ensino de qualidade aos estudantes – o que só deve continuar acontecendo até o final deste ano letivo, caso a sina da escola não seja outra.
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Em reunião convocada em 21 de junho, a Aelbra informou que a escola, desde as aulas na Educação Infantil até o Ensino Médio, poderia seguir funcionando caso fosse encontrada uma nova mantenedora (o custo de operação do Concórdia não foi revelado). A associação afirma ainda que "se prontificou a auxiliar a comunidade escolar na busca por uma nova mantenedora e sugeriu a possibilidade, também, da criação de uma cooperativa em que professores e funcionários administrem a escola para que não interrompa suas atividades".
– Até agora, ainda mais com a crise, não tivemos sucesso. E o mais desesperador é que existe prazo para homologar uma nova mantenedora, que termina agora em setembro – lamenta Sabrina Pereira, mãe de dois alunos do Colégio Ulbra Concórdia.
Sabrina relata que ela, a mãe e as irmãs, além dos filhos Davi, de 11 anos, e Clara, de nove, estudaram nessa escola, fundada há mais de 50 anos em Candelária.
– Vivemos um momento de luto. É meio século de história que está morrendo. Mas ainda há esperança. Vamos continuar tentando uma mantenedora até fecharem o último cadeado da escola.
Outra escola da Aelbra, o Colégio Ulbra Concórdia Cacoal, no Estado de Rondônia, passa por situação parecida. O motivo é mais uma vez financeiro: tanto em Rondônia quanto em Candelária, os valores recebidos não seriam suficientes para arcar com os custos. No Sul, pesa o fato de que metade dos 253 alunos matriculados têm bolsas que custeiam entre 50% e 100% do valor da mensalidade.
Para o presidente do Sindicato do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinepe/RS), Bruno Eizerik, abandonar uma escola deve ser a última atitude de uma mantenedora, tomada apenas quando outras opções já foram adotadas ou, ao menos, avaliadas.
– Claro que o setor educacional não vive em uma bolha, fora de toda a crise que atingiu nosso país e nosso Estado. Mas, nas escolas particulares, esses são casos isolados – avalia Eizerik.