Uma chapa de oposição à atual gestão – mas também com orientação política de esquerda – foi eleita para comandar o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFRGS pelo próximo ano. Entre as propostas do grupo está o reforço no diálogo com os estudantes e com a reitoria, por meio da criação de uma espécie de orçamento participativo da universidade.
– O orçamento participativo será implementado dentro do DCE, para definir com os estudantes o que é prioridade para a utilização dos recursos. Mas também é uma bandeira para a universidade, queremos que ocorra um envolvimento dos estudantes na definição do que vai ser investido pela UFRGS – afirma Frederico de Lemos, um dos coordenadores do grupo vencedor.
A Chapa 4 - Pra Mudar obteve 1,2 mil votos na eleição realizada na última semana, superando a Chapa 1 - Ainda Há Tempo, que esteve à frente do DCE nos últimos dois anos. O grupo vencedor assume o comando do diretório central na quarta-feira.
Leia mais:
Enem 2017: inscrições estão abertas; veja passo a passo
UFRGS abre mais de 700 vagas para ingresso extravestibular
UFSM abre seleção para contratação de professores
Estudante de Administração Pública e Social da UFRGS, Lemos diz que a nova gestão vai trabalhar intensamente na defesa da universidade pública e pela democracia. Ele afirma que o grupo começou a se mobilizar durante o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
– Boa parte da chapa se organizou ano passado em defesa da democracia, contra o impeachment. Temos uma concepção de universidade mais popularizada, mais diversa e democrática política e financeiramente.
Ele confirma que o movimento é identificado com partidos como PT e PCdoB, em oposição à atual direção, que tem em sua nominata militantes do PSOL e do PSTU. No entanto, Frederico Lemos diz que boa parte dos envolvidos na chapa não tem envolvimento partidário e que todas as correntes são aceitas.
Além da maior participação dos alunos na tomada de decisões, a Chapa 4 colocou como prioridades a política de assistência estudantil - com ampliação dos RU'S e da estrutura de moradia estudantil -, a consolidação de um comitê contra intolerância e discriminação e a ampliação da política de cotas, com a inclusão dos cursos de pós-graduação e dos concursos para professores e demais servidores.
A estudante de Agronomia Gabriela Silveira, também coordenadora da chapa vencedora, diz que outra bandeira do grupo é a luta pela segurança dentro da universidade e no entorno.
– Temos convivido com diversos relatos de assaltos pelos estudantes. Queremos a contratação de agentes para a guarda universitária e reforço na iluminação dos campi.
A eleição para o DCE foi realizada com cédulas de papel pela primeira vez desde 2010. Nos últimos anos, o processo havia sido realizado com urnas eletrônicas oferecidas pela reitoria. A eleição também atrasou, era para ter ocorrido no fim do ano passado, mas foi adiada em rezão das ocupações.