Todo ano é assim: o tema da redação do Enem cria uma enorme expectativa entre os participantes. Não é para menos, a prova vale 1.000 pontos e zerá-la leva por água abaixo o bom desempenho nas provas objetivas.
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Há uma série de exigências para se chegar à nota máxima, mas desenvolver o tema com boa argumentação é fundamental, por isso os professores batem tanto na tecla de que ler, atualizar-se sobre o que acontece no mundo e relacionar fatos históricos a temas do cotidiano faz a diferença na hora de construir o texto.
As apostas para esta edição recaem sobre temas bastante distintos, mas que têm em comum uma problemática social e a necessidade de debate entre a sociedade para se chegar a uma solução. A professora de redação do Unificado Luísa Canella alerta que não se pode desconsiderar, inclusive, assuntos que já inspiraram a proposta da prova, porque eles podem reaparecer sob outro viés, até porque muitos ainda continuam demandando resoluções. Um exemplo é a questão da infância, que norteou a prova em 2000, sob o aspecto dos direitos da criança e do adolescente, e voltou na prova de 2005 com a problemática do trabalho infantil.
Temas considerados batidos, como os reflexos da tecnologia na sociedade, também não devem ser descartados.
– O tema é sempre uma incógnita, porque qualquer problema do Brasil pode ser discutido, e mesmo aqueles que já apareceram podem ganhar um novo foco. Também acho mais difícil que questões que estão muito no calor dos debates sejam pedidas. O impeachment (da ex-presidente Dilma Rousseff), por exemplo, nem a gente conseguiu refletir ainda sobre o que aconteceu – avalia Luísa.
Professora de Linguagens do Universitário, Tatiana De Camillis reforça que, independentemente do assunto, a proposta vem sempre bem específica, e os participantes devem dedicar atenção aos chamados textos motivacionais que apoiam o enunciado da redação. Neles, adianta a professora, há dicas e palavras-chave que ajudam o estudante a organizar a argumentação. Mas ela alerta que esse material não pode ser reproduzido textualmente na construção da redação. Outro ponto ressaltado pela professora é aproveitar-se de elementos de outras áreas do conhecimento para enriquecer o texto.
– No fundo, é trazer para o texto toda a preparação escolar, as vivências, um filme ou até uma exposição, mesmo que ela não tenha sido vista ao vivo num museu – diz.
Sob esse aspecto, o professor de redação do Sistema Ari de Sá Flávio Melo ressalta que a capacidade do aluno de relacionar esses fatos e informações é um dos fatores avaliados pelo Enem:
– Costumo dizer que a prova de redação do Enem não é uma prova de escrita, mas uma prova de leitura. Você precisa defender seus pontos de vista com os pés no chão, com argumentos. E na hora de apresentar a proposta de intervenção ao problema, é preciso ter em mente que não é necessário ser genial, mas trazer em detalhes quem fará essa proposta na prática e como ela será feita. É preciso coerência intertextual.
Temas que já caíram
1998: Viver e aprender
1999: Cidadania e participação social
2000: Direitos da criança e do adolescente: como enfrentar esse desafio nacional
2001: Desenvolvimento e preservação ambiental: como conciliar interesses em conflito?
2002: O direito de votar
2003: Violência na sociedade brasileira
2004: Como garantir a liberdade de informação e evitar abusos nos meios de comunicação?
2005: O trabalho infantil na realidade brasileira
2006: O poder de transformação da leitura
2007: O desafio de conviver com a diferença
2008: A máquina de chuva da Amazônia
2009 (prova reaplicada): "Qual o efeito em nós do 'Eles são todos corruptos'?" e "Valorização do Idoso"
2010 (prova oficial): "Ajuda humanitária" e (prova reaplicada): "O trabalho na construção da dignidade humana"
2011: Viver em rede no século XXI
2012: O movimento imigratório para o Brasil no século XXI
2013: Efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil
2014: Publicidade infantil em questão no Brasil
2015: A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira
