Merendeira da Escola Santa Cruz, Catia Simone da Silva de Macedo sempre admirou o senso de independência da filha Victória, 15 anos. Até o dia em que a menina anunciou seu desejo de estudar na Escola Sesc de Ensino Médio, disputada instituição carioca:
– Ela sempre foi de se virar sozinha, fazer a própria comida, buscar as coisas na internet. Mas, no início, não levei muito a sério. Aí ela começou a imprimir provas antigas para estudar e vi que ela queria mesmo – lembra a ex-aluna da escola, que assumiu a cozinha após a aposentadoria da antiga merendeira, em 2009.
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A ideia surgiu em 2015, quando representantes da Escola Sesc foram a Nova Milano convidar os alunos a prestarem a prova de admissão. Focada, Victória contou com a ajuda dos professores para corrigir as avaliações que fazia em casa e dar dicas.
– Essas turmas (do 9º ano) eram excelentes. Tinha até mais alunos que poderiam ter feito a prova, mas a gente ainda vê mais esse desejo de ir embora nas meninas do que nos guris – lembra a professora de matemática Paula Sounza.
Foram meses de estudo, que representaram apenas o começo da saga por um lugar na Escola Sesc. Além da prova escrita, os candidatos e suas famílias passam por avaliação psicológica – também precisam se encaixar em alguns critérios socioeconômicos. Ao fim da bateria, a boa notícia chegou para Victória e mais uma colega: as duas tinham sido selecionadas para estudar no Rio de Janeiro.
No começo o ano, elas se mudaram para o colégio-residência, na Barra da Tijuca, onde têm aulas de segunda a sábado, fazem trabalho voluntário e curtem passeios monitorados por professores. Contente por Victória, Catia contou com a ajuda dos colegas para amenizar a saudade da caçula.
– No primeiro mês, eu chorava todos os dias. As diretoras vinham conversar comigo, lembrar que era uma coisa boa para ela. O que eu gosto daqui as pessoas se conhecem, se envolvem umas com as outras. E o importante da escola é essa parte humana.