Apesar de ser um dos primeiros cursos superiores da história, o Direito ainda não saiu de moda no Brasil. Com o status de ser o queridinho entre os pais na hora de indicar uma faculdade aos filhos, atrai milhares de jovens. Em cinco anos, de 2010 a 2014, o número de matrículas no curso cresceu 17% no país, passando de 694.447 para 812.897.
O aumento na procura é motivado, principalmente, pelos altos salários da área jurídica e a estabilidade dos concursos públicos.
- O curso tem muitas possibilidades e tem remuneração acima do mercado - explica o advogado e professor de Direito da UFRGS, Rodrigo Coimbra.
Presidente da Comissão de Ensino Jurídico da OAB-RS e professor da UFRGS e da PUCRS, Igor Danilevicz afirma que é impressionante o número de alunos que estão na faculdade com foco em um concurso. Coordenador da Casa do Concurseiro, instituição que oferece cursos preparatórios, Edgar Abreu afirma que, entre os alunos que possuem curso superior, os formados em Direito são maioria. Sonham não apenas com a aprovação para uma vaga na área jurídica, mas também em conquistar um lugar nos concursos de nível médio. Isso porque, conforme Abreu, as vagas de técnicos dos tribunais, por exemplo, oferecem salários que podem passar dos R$ 5 mil.
- Com a crise, as pessoas pensam antes na empregabilidade do que na profissão. Como há escritórios de advocacia que pagam menos do que concursos de Ensino Médio, muitos formados em Direito se interessam mais em estudar para essas vagas - afirma.
São provas que, por terem questões de Direito, deixam esses profissionais em vantagem. Outro fator que atrai os bacharéis aos concursos é o menor número de concorrentes para vagas específicas a diplomados, como para analista judiciário. Fora dos concursos, a advocacia está cada vez mais especializada, conforme Coimbra. Na área ambiental, por exemplo, já há advogados especialistas em atender casos relacionados a recursos hídricos. Entre as áreas de estudo, uma tem despertado atenção: o direito digital, que trabalha com as novas tecnologias e abriga discussões sobre o Uber, por exemplo.