Seis áreas temáticas já foram definidas
As primeiras áreas escolhidas - englobando economia, energia, tecnologia e meio ambiente - foram definidas em conjunto entre os países. Cada nação poderá indicar dois programas em cada uma das áreas temáticas. Como há poucas vagas, as exigências são grandes: as pós-graduações devem ter disciplinas em inglês, nota 6 ou 7 na avaliação da Capes e estrutura para ensino a distância. Podem participar universidades públicas e privadas. Neste início do projeto, somente mestrados e doutorados já existentes serão aceitos, mas um dos objetivos é criar programas em conjunto com os países do bloco.
- Pretende-se chegar a uma universidade realmente em rede, em que um programa de doutorado, por exemplo, possa ser feito parte no Brasil, parte na Rússia, parte na China, e com o apoio de todos esses países - explica o presidente da Associação Brasileira de Educação Internacional, José Celso Freire Junior. Além dessa universidade descentralizada, será criada a Liga de Universidades do Brics, que deve contar com as principais instituições de cada país - a UFRGS, possivelmente, entre as brasileiras - para promover a formação superior em nível internacional. A iniciativa do MEC pretende oferecer bolsas adicionais aos programas já existentes e dar início ao processo de seleção dos estudantes ainda neste ano.
Uma espécie de Ciências sem Fronteiras voltado para a pós-graduação está prestes a ser implementada no Brasil e demais países que formam o grupo dos Brics. Com o objetivo de ampliar o processo de internacionalização no Ensino Superior - ainda incipiente no país -, o Ministério da Educação (MEC) lançou, com os governos de Rússia, Índia, China e África do Sul, a Universidade em Rede do Brics. Para quem integrar essa iniciativa, o título de mestrado ou doutorado será automaticamente válido em todos os países participantes.
Confira o edital de seleção dos programas de pós-graduação
A comparação com o Ciências sem Fronteiras, que previa a concessão de 101 mil bolsas de estudo no Exterior para alunos de graduação, doutorado e pós-doutorado, porém, encerra-se na semelhança dos objetivos. Sem o alcance desse programa, a universidade em rede deve ser muito mais restrita, com distribuição de apenas algumas dezenas de bolsas por país, mas pretende atrair tantos estudantes quanto enviar pós-graduandos para se aprimorar fora do Brasil.
- O Ciências sem Fronteiras foi o primeiro passo quântico para ampliarmos esse diálogo com as universidades de outros países. Já a Universidade em Rede do Brics é a materialização de uma necessidade de internacionalizar nossa educação, o que vai se traduzir em mais um passo em termos de ciência, tecnologia e inovação - disse o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, em entrevista a ZH.
A proposta abre caminho para a criação de um novo centro de pesquisa e inovação mundial, conforme o diretor de Avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Para Arlindo Philippi Jr., a Universidade em Rede do Brics contempla a necessidade de o Brasil se tornar mais presente na comunidade acadêmica internacional - podendo ter papel protagonista na construção de um grande polo do conhecimento.
- A internacionalização é inexorável. Se o Brasil quer fazer parte das melhores universidades do mundo, e já definiu isso, os programas de pós-graduação daqui precisam trabalhar essa parceria com outros países - diz Arlindo.
Países do Brics ainda precisam acertar detalhes
A Universidade em Rede do Brics, por enquanto, não passa de um projeto. Mas ainda no primeiro semestre devem ser divulgadas as instituições escolhidas para representar o Brasil na elite de Ensino Superior dos países emergentes.
Gaúchos com experiências na China relatam importância do mandarim
Muito ainda precisa ser feito. O objetivo é distribuir bolsas, mas falta definir como será o financiamento. Estudantes poderão fazer estágios e disciplinas na China, na Índia, na Rússia ou na África do Sul, mas ainda não se sabe como eles serão selecionados. Também não foi decidido se a universidade em rede terá uma representação física nesses países ou contará somente com a estrutura das próprias instituições participantes. As universidades interessadas têm até 29 de janeiro para se inscrever, e a seleção de estudantes deve começar no segundo semestre.
* Zero Hora