Foram mais ou menos 24 horas de angústia e pesadelo para os pais de 395 alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental Estado do Rio Grande do Sul, no centro de Porto Alegre. Às vésperas do Natal e com as atividades letivas praticamente encerradas, eles receberam a notícia, na terça-feira, de que a instituição fecharia em 2016. Professores, funcionários e alunos seriam transferidos para a Escola de Ensino Fundamental Professora Leopolda Barnewitz, que fica no bairro Cidade Baixa, de acordo com um comunicado oficial da própria Secretaria Estadual de Educação (Seduc).
Na quarta-feira, a escola amanheceu agitada com protestos contra o suposto fechamento e a falta de informações claras sobre a mudança anunciada. Faixas, cartazes e palavras de ordem tomaram a frente da instituição e as redes sociais de quem, de alguma forma, tem ligação com a escola. Pouco depois das 17h, motivado pelo alvoroço na internet, o secretário de Educação Vieira da Cunha, que cumpria agenda em Uruguaiana voltou às pressas para a Capital. Foi à Estado do Rio Grande do Sul para esclarecer:
- Houve um mal-entendido e se teve alguma decisão no sentido de fechar, eu desautorizo - bradou Vieira da Cunha, taxativo, em meio à pequena multidão formada no saguão da escola.
O fecha-não-fecha, de acordo com o próprio secretário, será averiguado, mas ele suspeita de que tenha sido mal interpretado em uma reunião entre a prefeitura de Porto Alegre e o Estado, em que foi discutida a possibilidade de a Seduc ceder espaços para que o Município atenda a demanda da Educação Infantil.
Antes dos esclarecimentos do secretário, a diretora da Estado do Rio Grande do Sul, Ana Cristina Pires Beiser havia informado que o fechamento da escola era um acordo entre os governos do Estado e do município de Porto Alegre. A Seduc confirmou a informação da diretora. Em comunicado, reforçou que, "a partir de um acordo da Secretaria Estadual e Municipal de Educação com a 1ª Coordenadoria Regional de Educação de Porto Alegre, a Escola Rio Grande do Sul será transformada em um Escola Municipal de Educação Infantil".
– Como vou desalojar os alunos do Estado para resolver um problema do Município? – questionou Vieira da Cunha, rebatendo a notícia dada pela pasta que comanda.
A reportagem tentou contato com a secretária de Educação de Porto Alegre, Cleci Jurach, mas não obteve retorno até o início da noite desta quarta-feira. A informação da assessoria de imprensa é de que ela estaria em viagem ao Interior.
O secretário geral do Cpers, Edson Rodrigues Garcia, disse que a entidade vai acompanhar de perto a situação na Escola Rio Grande do Sul.
– Não permitiremos enturmação sem justificativa e fechamento de turmas. Não temos nenhum dado que tenha baseado essa decisão – disse.
Para alunos, pais e boa parte dos professores e funcionários, a mobilização da comunidade escolar foi determinante para que a escola, com mais de 50 anos de atividades, fosse mantida.
– Acho que se a gente não tivesse feito todo esse barulho, alguma decisão seria tomada e não de uma forma boa para nós – comentou, aliviada, a estudante Kimberly Santos, 14 anos, que temia não concluir seu último ano de Ensino Fundamental na escola onde estuda desde pequena.